O Conselho de Segurança da ONU declarou ontem (18) que o surto de ebola no oeste da África é uma ameaça à paz e à segurança. Na reunião de quinta-feira, a primeira na história do conselho a tratar de uma crise de saúde pública, o Secretário-Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon anunciou a criação de uma missão internacional de emergência, a UNMEER (Missão das Nações Unidas para a Resposta de Emergência ao Ebola), com os objetivos de “conter o surto, tratar os infectados, garantir serviços essenciais, preservar a estabilidade e prevenir outros surtos”.
Ban Ki-moon enfatizou que a efetividade da missão dependerá do esforço da comunidade internacional, uma vez que as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para a necessidade de quase 1 bilhão (mil milhões) de dólares em investimentos nos próximos seis meses para manter as infecções pelo ebola “dentro das dezenas de milhares”.
Após o discurso do Secretário-Geral, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução, apoiada por 131 países (o maior suporte já registrado por uma resolução da entidade), segundo a qual “a extensão sem precedentes do surto de ebola na África constitui uma ameaça à paz e segurança internacionais”. O mesmo conselho pediu que os países vizinhos aos mais afetados pelo ebola — Libéria, Serra Leoa e Guiné — facilitem a entrada nestes de suprimentos e pessoal qualificado por suas fronteiras.
Para a Dra. Margaret Chan, Diretora-Geral da OMS, os relatos de que mais de 5.500 pessoas tenham sido infectadas e mais de 2.500 mortas pelo vírus ebola subestimam a gravidade do problema. Ela considera que a magnitude da emergência e o grau de sofrimento infligidos pela proliferação do ebola no oeste africano jamais tenham sido vistos antes, mesmo por profissionais experientes na contenção de graves doenças.
O Dr. David Nabarro, Coordenador Sênior das Nações Unidas para o ebola, celebrou a solidariedade demonstrada pelos Estados Membros na última reunião, mas ressaltou que o desafio é fazer com que o apoio material e humano recebido seja coordenado de um modo eficiente “que permita que todos trabalhem na região com segurança e não sejam infectados eles próprios com o vírus”.
Já o médico assistente Jackson Niamah, que trabalha em um centro de tratamento de pacientes do ebola na Libéria mantido pela organização Médicos Sem Fronteiras, acredita que a população carece de itens básicos de higiene, como água e sabão. “Mesmo essas coisas simples podem ajudar a frear a proliferação do vírus”, disse por videoconferência na reunião de ontem.
“Não temos a capacidade de responder à crise por conta própria”, afirmou Niamah. “Nós precisamos de ajuda. Precisamos agora”, completou.
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