Depois de cinco anos e de um investimento de 6 milhões de euros, o Laboratório de Ensaios de Termodinâmica e Aeroespaciais e Estruturais de Grandes Dimensões (LABET) é já uma realidade em Castelo Branco.
Promovido pelo Grupo ISQ e com parcerias nacionais e internacionais como Alenia Space, Astrium, Embraer, ESA – European Space Agency, Snecma Herakles (Safran), Thales entre outros, o LABET é o maior e o mais integrado laboratório português para ensaios de desenvolvimento.
As novas instalações contêm o maior shaker da Península Ibérica, as maiores instalações para Aero-Estruturas e integra no mesmo sítio Ensaios Estáticos, Dinâmicos e de Vácuo e permitem a realização de ensaios sem a necessidade de deslocação a unidades estrangeiras.
A indústria aeronáutica e aeroespacial é um setor em franco desenvolvimento tanto em Portugal como na Europa. A excelência da indústria portuguesa tem permitido a instalação de importantes players em diversas zonas do país e componentes nacionais são cada vez mais utilizadas quer pela indústria aeronáutica europeia, como pela indústria aeroespacial a nível mundial.
Crescimento do sector em Portugal e na Europa
Acima de tudo, todo este sector está em franco crescimento. No atual panorama económico mundial, este é um dos sectores cujas perspetivas de crescimento se mantêm robustas. Do lado da aeronáutica nunca se encomendaram e fabricaram tantos aviões como hoje. A quantidade de passageiros transportados continua a crescer a uma taxa anual próxima dos 5%. O movimento de passageiros e de carga nos aeroportos, assim como o número de aeroportos para utilização civil continuam a crescer de forma muito saudável em todo o planeta. As filas de espera para aceder a serviços de manutenção e reparação continuam igualmente a crescer.
Para se quantificar a dimensão do crescimento deste mercado, atualmente o backlog da Boeing (lista de encomendas) equivale a quatro vezes o PIB Português. A Boeing e a Airbus têm ambas um backlog de sete anos – ou seja, se parassem de vender hoje ainda tinham trabalho de produção para os próximos sete anos.
Do lado da indústria espacial está-se a assistir a uma verdadeira revolução com a entrada de vários operadores privados a desenhar, fabricar e explorar sistemas de lançamento, com a redução substancial nos custos de acesso ao espaço e com a produção em série de satélites motivada por encomendas massivas, tal como a que foi feita pela OneWeb à Airbus, em 2015, para quase 700 unidades.
Na Europa esta indústria também está em profunda mutação com a fusão de alguns dos maiores integradores industriais e com o arranque do desenvolvimento de um novo lançador, Ariane 6, cujo custo de desenvolvimento rondará os 6500 M€.
O que é o LABET?
O laboratório do ISQ para os ensaios de termodinâmica e aeroespacial surge da identificação da oportunidade de internacionalizar a actividade do Espaço e assim dar um salto qualitativo e quantitativo que o mercado nacional não iria permitir. A ESA (European Space Agency) estava na altura a desenvolver o seu programa IXV (Intermediate eXperimental Vehicle), protótipo de um vaivém espacial para efetuar um primeiro voo para recolha de dados e testes de novos materiais resistentes às tão adversas condições de reentrada na atmosfera.
O ISQ tinha experiência em testes e dominava as linguagens universais da engenharia: a matemática e a física. Perante este desafio e após realização de um rápido estudo de investimentos necessários, bem como a sua respectiva viabilidade face às oportunidades de negócios futuros, o grupo iniciou a implementação, tendo para isso sido feito um investimento na ordem dos 6 milhões de euros.
Foi desenvolvida uma Câmara de Alto Vácuo 10 – 6mbar (câmara com condições de ausência de atmosfera semelhantes ao existentes no espaço), com corpo duplo para permitir o aquecimento ou arrefecimento externo, munida de variadíssimas flanges de acesso, para futuras necessidades de instrumentação, passagem de potência elétrica e tubagens criogénicas (onde circulam fluídos a muito baixa temperatura -100ºC). Nesta câmara já foram feitos ensaios em vácuo e com temperaturas que vão desde os -150 °C aos + 1200 °C, bem como determinação de calor específico em vácuo e temperaturas extremas de vários materiais utilizados na indústria espacial.
A existência desta câmara de vácuo polivalente e a facilidade de a mesma poder ser adequada a ensaios personalizados tornou-a num equipamento de elevada procura, nomeadamente no mercado internacional. Este facto também proporcionou uma crescente procura no mercado português, não só para a indústria aeroespacial como também para outras de desenvolvimento de novos materiais e tecnologias, permitindo a realização de ensaios a custos mais baratos e sem a necessidade de deslocação a laboratórios estrangeiros.
Foi igualmente adquirido um shaker – uma máquina de indução de vibrações, sendo esta a maior da Península Ibérica e Europa – com mesa horizontal e um expansor vertical guiado com potência máxima de cerca de 290 Kw, equipado com sistema de aquisição de dados LMS (o standard na indústria aeroespacial), que permite efetuar, para além dos ensaios convencionais Seno e Random, ensaios de Análise Modal Operacional para afinação dos modelos matemáticos de projeto. Este shaker foi ainda munido de uma câmara climática que permite realizar ensaios de vibração com controlo de temperatura entre os -40 °C e os +150 °C.
Entretanto, e graças à experiência adquirida pelo ISQ e ao sucesso obtido face a este tipo de ensaios, a indústria aeronáutica começou também a ver no Grupo um parceiro de ensaios a componentes aeronáuticos. E o desafio surge de um fabricante aeronáutico, um dos gigantes mundiais do sector: a Embraer.
Desde o início muitos ensaios têm sido realizados, quer para clientes internacionais, quer para nacionais nos ramos automóvel, componentes para satélites, equipamentos elétricos, certificação de dispositivos de aeronaves para a Força Aérea, equipamentos militares e unidades de produção de frio.
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