As notícias não são animadoras para uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. A Samsung Electronics lançou um alerta que está a agitar o setor, ao revelar os seus resultados preliminares para o segundo trimestre de 2025. Os números mostram um colapso de 56% no seu lucro operacional em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Em termos concretos, o lucro caiu de aproximadamente 6,4 mil milhões de euros para cerca de 2,86 mil milhões de euros. Curiosamente, o volume de vendas consolidadas da empresa manteve-se relativamente estável, alcançando os 46 mil milhões de euros, o que indica que a Samsung continua a vender muito, mas a sua margem de lucro diminuiu drasticamente. É importante que saibas que estes são ainda dados provisórios, com o relatório financeiro completo e detalhado a ser publicado no final de julho.
A guerra dos chips e as tensões comerciais na origem do problema
Se te estás a perguntar como é que isto aconteceu, a resposta está, em grande parte, na sua divisão de semicondutores, conhecida como Device Solutions (DS). O epicentro deste terramoto financeiro está localizado nesta área, que foi afetada por uma combinação de fatores negativos.
De acordo com a imprensa sul-coreana, a quebra deve-se a uma diminuição na reposição de inventário por parte dos clientes da Samsung, ao impacto direto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e, talvez mais importante, às restrições norte-americanas à exportação de processadores avançados de Inteligência Artificial para o mercado chinês.
Este cenário complexo mostra como as tensões geopolíticas estão a ter um impacto real nos resultados das grandes tecnológicas. E a Samsung não está sozinha nesta luta; a sua concorrente LG também anunciou que os seus lucros caíram para quase metade neste mesmo trimestre.

A batalha pela memória HBM que está a ditar as regras
Para tentares perceber a dimensão do desafio, é fundamental olhar para um componente específico: a memória de alta largura de banda, ou HBM. Estas memórias são peças essenciais para os processadores que alimentam os sistemas de Inteligência Artificial, e a competição neste mercado é particularmente cerrada.
Segundo analistas que acompanham o setor, um dos golpes mais duros para a Samsung foi o atraso nas entregas destas memórias HBM a um cliente de peso, a Nvidia. Ryu Young-ho, analista da NH Investment & Securities, afirmou à agência Reuters que “para a Samsung Electronics, a questão principal continua a ser a recuperação da sua competitividade (…) Tudo acaba por voltar à HBM”.
Esta situação coloca a Samsung sob uma pressão imensa, especialmente porque rivais como a SK Hynix e a Micron têm conseguido tirar maior proveito da enorme procura por chips de IA nos Estados Unidos. A maior dependência da Samsung em relação ao mercado chinês, que está atualmente limitado por sanções, deixa-a numa posição mais vulnerável.
Apesar do panorama sombrio, a empresa mantém um otimismo cauteloso e espera uma recuperação parcial na segunda metade do ano, prevendo que as perdas no seu negócio de fundição diminuam à medida que a procura volte a aumentar. Numa tentativa de acalmar os mercados e reforçar a confiança dos investidores, a Samsung anunciou um programa de recompra das suas próprias ações no valor de 2,42 mil milhões de euros. Mais detalhes serão partilhados num evento com investidores no próximo dia 31 de julho.
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