A Meta, empresa-mãe do Facebook e Instagram, vai angariar 2 mil milhões de dólares com um portfólio de infraestruturas, numa operação em que vende centros de dados para canalizar capital para a sua dispendiosa estratégia de Inteligência Artificial.
A transação, no entanto, não representa um abandono destes ativos, mas sim uma sofisticada manobra financeira.

O acordo foi estruturado como uma operação de “sale-and-leaseback” (venda com locação posterior).
Esta abordagem permite à gigante tecnológica otimizar o seu balanço e libertar capital imobilizado em ativos físicos para o reinvestir na corrida global pela supremacia em IA, uma prioridade máxima para o seu CEO, Mark Zuckerberg.
Como funciona a operação de sale-and-leaseback
Para muitos, a ideia de vender infraestrutura crítica pode parecer contraditória. Contudo, a operação de sale-and-leaseback é uma ferramenta financeira comum para conciliar estes objetivos.
Segundo notícias avançadas por meios como o The Wall Street Journal e a Bloomberg, a Meta celebrou o acordo com um consórcio de investidores de infraestrutura liderado pela KKR. O mecanismo é direto: a Meta vende os edifícios e os terrenos a este consórcio e, simultaneamente, assina um contrato de arrendamento de longa duração para continuar a usar esses mesmos espaços.
Na prática, a Meta troca a propriedade dos imóveis por dinheiro imediato. Para o investidor, o negócio consiste em adquirir um ativo de alta qualidade com um arrendatário seguro e uma fonte de rendimento estável a longo prazo.
Para a Meta, o resultado é uma injeção de capital sem ter de recorrer a dívida ou à emissão de novas ações, mantendo controlo total sobre os servidores e a tecnologia que operam dentro dos edifícios.
O financiamento da IA como prioridade máxima
Os 2 mil milhões de dólares angariados têm um destino claro e inequívoco: o financiamento da IA. A Meta está a investir dezenas de milhares de milhões para se manter competitiva contra rivais como a Google, a Microsoft e a OpenAI, e este capital será crucial para cobrir custos operacionais e de desenvolvimento em várias frentes:
- Hardware Especializado: Aquisição de dezenas de milhares de processadores gráficos (GPUs) da Nvidia, o hardware mais cobiçado e dispendioso para treinar grandes modelos de linguagem.
- Chips Personalizados: Acelerar o desenvolvimento interno do seu próprio silício, o acelerador MTIA (Meta Training and Inference Accelerator), para reduzir a dependência de terceiros e otimizar o desempenho.
- Novos Centros de Dados: Construção de instalações de nova geração, desenhadas de raiz para as necessidades energéticas e de arrefecimento extremas que os sistemas de IA exigem.
Conclusão
Esta manobra financeira da Meta demonstra a escala da aposta na Inteligência Artificial e a criatividade necessária para a financiar.
Ao converter “tijolos” em capital através de um acordo de “sale-and-leaseback“, a empresa não só otimiza a sua estrutura financeira, como envia uma mensagem clara ao mercado: está disposta a reconfigurar o seu balanço para garantir que nenhum recurso é poupado na corrida para definir o futuro da tecnologia.
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