A Google oficializou a sua aposta no setor educativo com o lançamento do Gemini para estudantes na Europa, uma nova experiência de IA concebida para ser um parceiro de estudo interativo.
A iniciativa, que chega a toda a região em inglês, vai muito além de um simples chatbot, introduzindo uma filosofia que a empresa designa como “Aprendizagem Orientada”, concebida para mudar o paradigma “das respostas à compreensão”.


Segundo Temsi Boland-Lafarge, Product Manager das Experiências Gemini na Google, o objetivo é transformar a forma como os alunos interagem com a IA. “Em vez de simplesmente fornecer uma resposta, o Gemini agora orienta os alunos a chegarem eles próprios à solução, aprofundando a compreensão e incentivando o pensamento crítico“, explica no blog oficial da empresa.
Esta abordagem visa combater a aprendizagem passiva, posicionando a tecnologia como um catalisador para a curiosidade intelectual.
O que é a “aprendizagem orientada”? A visão da Google
A “Aprendizagem Orientada” é a resposta da Google ao desafio de criar uma IA que ensina a raciocinar. Em vez de funcionar como uma calculadora que entrega um resultado final, o Gemini atua como um tutor socrático. Perante um problema complexo, o sistema decompõe-no em partes mais pequenas, faz perguntas orientadoras e fornece pistas que permitem ao estudante construir o seu próprio caminho até à solução.
Esta metodologia foi desenhada para ser interativa e adaptativa. Os alunos podem informar o Gemini quando não compreendem um passo, e a IA irá fornecer explicações alternativas e personalizadas. O sistema inclui ainda funcionalidades proativas, como a criação de “problemas práticos” para que o utilizador possa testar e consolidar os conhecimentos recém-adquiridos sobre um determinado tópico.
Gemini para estudantes: as ferramentas de um ecossistema de estudo interativo
Para materializar esta visão, a Google integrou um conjunto robusto de ferramentas específicas para estudantes com 13 ou mais anos (dependendo da idade de consentimento digital de cada país):
- Tutor pessoal para STEM e mais: A funcionalidade mais poderosa é a capacidade de resolver problemas matemáticos e de física, incluindo problemas de palavras (word problems) e questões que envolvem gráficos ou diagramas. O aluno pode simplesmente tirar uma fotografia ao exercício para receber orientação passo a passo. A Google planeia expandir esta capacidade para outras áreas, como a Química.
- Resumos inteligentes de vídeos e documentos: Uma das ferramentas mais úteis é a capacidade de interagir com diferentes formatos de conteúdo. Os estudantes podem pedir um resumo de um vídeo educativo do YouTube sem precisarem de o ver na totalidade ou carregar documentos (como PDFs das aulas) e pedir ao Gemini para extrair os pontos-chave, criar um glossário de termos ou gerar perguntas sobre o conteúdo.
- Apoio a perguntas abertas: A ajuda não se limita às ciências exatas. O Gemini também foi treinado para fornecer feedback sobre respostas a perguntas abertas, como as que são comuns em História ou Literatura, ajudando os alunos a estruturar melhor os seus argumentos.
- Notebook: o centro de organização: Para garantir que as interações são produtivas, o “Notebook” permite organizar as conversas, refinar as respostas geradas e exportar facilmente todo o conteúdo para aplicações como o Google Docs, criando um fluxo de trabalho contínuo entre a pesquisa e a produção.
Segurança e disponibilidade na Europa
A implementação na Europa chega com um forte enfoque na segurança. A Google garante que o Gemini para estudantes possui filtros de segurança robustos para bloquear conteúdos inadequados e foi desenvolvido em consulta com especialistas em educação e segurança online. A experiência está a ser lançada em inglês, mas a empresa já confirmou que está a trabalhar para expandir para outras línguas que os estudantes usam em todo o mundo.
A aposta da Google na IA na educação é estratégica e clara. Ao fornecer estas ferramentas de forma gratuita, a empresa não só procura fidelizar uma nova geração de utilizadores, mas também posicionar-se como uma força central na inevitável transformação digital do setor educativo.
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