Qualquer pessoa que trabalhe numa área criativa conhece bem o pânico da página em branco. Seja um designer a pensar num novo logótipo, um escritor a planear o cenário de uma história ou alguém a tentar redecorar a sala de estar, o primeiro passo – o de transformar uma ideia vaga numa direção visual concreta – é muitas vezes o mais difícil. A Google acaba de lançar uma nova ferramenta experimental, chamada Mixboard, que promete ser o antídoto perfeito para este bloqueio criativo.
Trata-se de um “quadro de conceitos visuais” ou moodboard inteligente, onde podes simplesmente descrever as tuas ideias em texto e ver a inteligência artificial a dar-lhes vida em segundos. É parte bloco de esboços, parte quadro de colagens, e representa a aposta da Google em integrar a IA no início do processo criativo, servindo como uma autêntica musa digital.
Como é que o Mixboard funciona?
A experiência do Mixboard começa com uma tela quase vazia e uma barra de texto, um convite direto à imaginação. A partir daí, o processo é uma conversa criativa entre ti e a IA.
Da palavra à imagem, em segundos
Basta escreveres uma descrição do que tens em mente. Pode ser algo tão simples como “escritório em casa, minimalista e acolhedor” ou tão específico como “jogo de tabuleiro com tema retro-espacial” ou “fantasias de Halloween para cães”. A IA entra então em ação e gera não apenas uma imagem, mas um quadro de inspiração completo, com múltiplas imagens, uma paleta de cores sugerida e até exemplos de texto que se enquadram no tema.
O motor por trás desta magia é o popular gerador de imagens da Google, o Nano Banana, o mesmo que se tornou viral pelas suas criações de figuras 3D. No Mixboard, no entanto, o seu trabalho é mais subtil e colaborativo. A ferramenta permite-te refinar e iterar sobre as sugestões da IA. Podes importar as tuas próprias imagens, editá-las com comandos de texto, regenerar todo o quadro para obteres novas ideias ou, se gostares de uma sugestão em particular, pedir “mais como isto” para explorar variações desse conceito.

Onde é que o Mixboard se encaixa no ecossistema da Google?
A Google está a construir um conjunto de ferramentas de IA cada vez mais especializado, e o Mixboard ocupa um lugar único neste ecossistema. Enquanto o Gemini é desenhado para te dar respostas diretas e factuais e o NotebookLM é focado em ajudar-te a organizar e a resumir documentos e pesquisas, o Mixboard é muito mais livre e intuitivo.
A sua função não é dar-te respostas certas ou organizar informação estruturada, mas sim servir como um parceiro de brainstorming. É a ferramenta ideal para a fase inicial e caótica de qualquer projeto criativo, onde o objetivo é explorar possibilidades e encontrar uma direção visual.
A batalha pelo início do processo criativo
Com o Mixboard, a Google não está apenas a lançar mais uma ferramenta de IA; está a entrar numa batalha estratégica pelo ponto de partida da criatividade. Atualmente, este espaço é dominado por plataformas como o Pinterest, onde os utilizadores procuram inspiração em imagens criadas por outras pessoas, ou o Canva, que se baseia em templates.
A abordagem do Mixboard é fundamentalmente diferente. Ao contrário dessas ferramentas, que muitas vezes usam a IA como um assistente no final do processo (para editar ou refinar uma ideia já existente), o Mixboard coloca a IA no centro da criação desde o primeiro segundo. A IA não é uma ajuda, é a tua co-criadora. Esta é uma competição direta com as novas funcionalidades de IA que a Meta tem vindo a testar no Instagram e as ferramentas de inspiração inteligente do Pinterest.
Por enquanto, o Mixboard é apenas uma experiência limitada aos Estados Unidos, com a Google a afirmar que ainda está a analisar a forma como as pessoas o usam. No entanto, é um vislumbre poderoso de um futuro onde o bloqueio criativo poderá ser uma coisa do passado, e onde o primeiro passo para dar vida a uma ideia será simplesmente uma boa conversa com o teu assistente de IA.
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