A pesquisa Google, tal como a conheces, pode estar com os dias contados. Um comentário de um gestor de produto da Google incendiou as redes sociais, sugerindo que a empresa está a ponderar tornar o seu “Modo IA” a experiência de pesquisa padrão. Se isto acontecer, a familiar lista de links azuis que tem sido a porta de entrada para a internet durante décadas poderá ser substituída por respostas diretas e conversacionais, geradas por inteligência artificial.
A mudança, que já está a ser testada como uma opção, teria consequências gigantescas para a forma como todos nós encontramos informação e para a sobrevivência de milhões de websites que dependem do tráfego da Google.
A sugestão que abalou a internet
Tudo começou com uma troca de palavras na rede social X (antigo Twitter). Quando um utilizador sugeriu que o Modo IA deveria ser o padrão, Logan Kilpatrick, gestor de produto da Google, respondeu de uma forma que deixou a porta aberta a essa possibilidade. A credibilidade do rumor é reforçada por outros movimentos da empresa: o Modo IA já tem uma página própria em google.com/ai e a sua expansão global tem sido rapidíssima.
Perante a agitação, Robby Stein, vice-presidente da Pesquisa Google, tentou acalmar os ânimos, afirmando que a empresa está apenas focada em “facilitar o acesso ao Modo IA para quem o quer usar”. No entanto, a declaração vaga não foi suficiente para dissipar os receios, até porque os sinais apontam noutra direção. A Google tem apostado cada vez mais na sua IA Gemini, e o Modo IA já conta com dezenas de milhões de utilizadores ativos mensais, provando que não se trata de um projeto secundário.
O que muda para ti (e para os websites)
Se o Modo IA se tornar a norma, a tua experiência de pesquisa mudará radicalmente. Em vez de uma lista de websites para explorares, receberás uma resposta direta e sintetizada, gerada pela IA, que ocupará a maior parte do ecrã. Os links para as fontes originais serão relegados para um painel lateral, transformando-se em meras referências em vez de serem o destino principal.
Para os utilizadores, isto pode significar respostas mais rápidas. Mas para os criadores de conteúdo, o cenário é assustador. Websites de notícias, blogues de receitas, lojas online e até serviços governamentais dependem de serem encontrados na Google para chegar ao seu público. Os “Resumos de IA” (AI Overviews), uma funcionalidade menos agressiva que já está ativa, já provocaram quebras de tráfego significativas para muitos websites. Se o Modo IA se tornar o padrão, a sangria pode ser ainda maior, pois os utilizadores terão ainda menos motivos para clicar e visitar as páginas originais.

Uma aposta inevitável da Google
A Google é, para milhares de milhões de pessoas, a porta de entrada para a internet. Se a empresa decidir mudar o “tapete de entrada”, as alternativas são poucas. Existem outros motores de busca, como o DuckDuckGo ou o Bing, mas a hegemonia da Google é tal que o seu nome se tornou um verbo sinónimo de “pesquisar”.
Por enquanto, ainda podes escolher entre a pesquisa clássica e o Modo IA. Mas tudo indica que a Google vê a inteligência artificial como o futuro inevitável da busca de informação. A questão já não parece ser se esta mudança vai acontecer, mas quando. E quando acontecer, a forma como navegamos na internet pode nunca mais ser a mesma.
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