A tecnologia de carregamento e acessórios magnéticos Qi2, popularizada pela Apple com o MagSafe, está finalmente a chegar em força ao mundo Android, e a Samsung não quer ficar para trás. As mais recentes fugas de informação deixam claro que a próxima geração de topos de gama, a série Galaxy S26, vai finalmente abraçar o padrão e incluir ímanes integrados. É uma excelente notícia para quem anseia pela conveniência de encaixar uma bateria externa ou um suporte para o carro sem qualquer esforço. Mas há um problema. Um grande problema.
O design icónico que a Samsung tem vindo a refinar nos últimos anos, com a sua elegante ilha de câmaras vertical no canto superior esquerdo, é fundamentalmente incompatível com o ecossistema Qi2. A marca está a adotar uma tecnologia que exige uma traseira livre e desimpedida, precisamente a única coisa que o seu design atual não oferece.
Esta contradição está a criar um cenário bizarro: a Samsung está a preparar-se para lançar smartphones com uma funcionalidade que, na prática, pode ser frustrante de usar. Enquanto a concorrência, como a Google e a Apple, tem designs que parecem ter sido feitos de propósito para os acessórios magnéticos, a Samsung encontra-se numa encruzilhada. Ou mantém a sua identidade visual e oferece uma experiência Qi2 a meio gás, ou engole o orgulho e repensa do zero um design que se tornou a sua imagem de marca.

O problema está à vista de todos: a ilha das câmaras
Se tens um topo de gama da Samsung recente, pega nele e olha para a traseira. Vês a ilha de câmaras, com as lentes alinhadas verticalmente? Agora, imagina tentar colar aí um acessório magnético, como uma bateria externa ou uma carteira. O mais provável é que o acessório simplesmente não caiba. A ilha de câmaras ocupa precisamente o espaço onde o anel magnético Qi2 deveria operar sem obstruções.
Este não é um problema teórico; é uma frustração bem real para quem já tentou usar acessórios magnéticos com os modelos atuais. Em muitos casos, uma bateria externa fica torta, não consegue um encaixe seguro ou, pior ainda, tapa uma das lentes da câmara. Para carregadores de secretária ou suportes de carro, a situação pode ser igualmente problemática, com o smartphone a não conseguir alinhar-se perfeitamente com a base de carregamento.
A própria Samsung sabe que isto é um problema. A prova? A carteira magnética oficial que a marca vende tem um design especial, com um recorte na parte de cima, precisamente para contornar a ilha de câmaras. É uma solução de recurso que, mais do que resolver o problema, acaba por admitir que ele existe.
A solução “preguiçosa” que não engana ninguém
Nos modelos deste ano, como a série Galaxy S25 e os mais recentes dobráveis, a Samsung tentou contornar o problema com uma abordagem que muitos consideram “preguiçosa”. Em vez de integrar os ímanes no próprio smartphone, a marca limitou-se a torná-los “Qi2 Ready”. Na prática, isto significa que o anel magnético não está no telemóvel, mas sim nas capas oficiais.
Esta solução não é, de todo, uma verdadeira implementação do padrão Qi2. Não é muito diferente do que os fabricantes de capas de terceiros já fazem há anos: vender uma capa com ímanes. A grande vantagem do Qi2 é precisamente a de não depender de uma capa. É ter a certeza de que qualquer acessório magnético certificado funcionará perfeitamente com o teu smartphone, esteja ele “nu” ou com qualquer tipo de capa.
Ao relegar os ímanes para as capas, a Samsung não só falha em oferecer a experiência completa do Qi2, como cria uma fragmentação desnecessária. Quem não gostar das capas oficiais, ou preferir usar o smartphone sem proteção, fica simplesmente de fora do ecossistema de acessórios magnéticos.
A concorrência mostra como se faz
Para perceber como o design pode fazer toda a diferença, basta olhar para a concorrência. Tanto o design da “camera bar” dos Google Pixel como o módulo quadrado dos iPhones mais recentes são, como descreve a fonte, “perfeitos” para acessórios magnéticos. Ao concentrarem as câmaras numa única área, seja uma barra horizontal ou um quadrado no canto, deixam a maior parte da traseira do smartphone livre e plana.
Esta superfície desimpedida é o recreio ideal para os acessórios Qi2. Permite que carregadores, baterias e carteiras se encaixem de forma segura e perfeitamente alinhada, sem nunca interferirem com as câmaras. É um exemplo claro de como o design industrial deve antecipar e facilitar a integração de novas tecnologias, em vez de criar barreiras.
As fugas de informação sobre a série Galaxy S26 sugerem que, infelizmente, a Samsung vai continuar a insistir no seu design atual para os modelos Pro e Ultra. Apenas o modelo Edge, com um design mais inspirado no iPhone, parece estar a caminho de resolver o problema. A Samsung pode colocar os ímanes que quiser nos seus novos topos de gama, mas enquanto não repensar a disposição das suas câmaras, a experiência Qi2 nos seus equipamentos continuará a ser uma promessa por cumprir.
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