A OpenAI, a startup que abriu a caixa de Pandora da inteligência artificial generativa com o lançamento do ChatGPT, acaba de se cimentar como uma das empresas mais valiosas e poderosas do planeta. Numa nova operação de venda de ações, a empresa foi avaliada em uns estonteantes 500 mil milhões de dólares. Este número, por si só, é impressionante, mas torna-se ainda mais significativo quando o colocamos em perspetiva: a OpenAI é agora, no papel, mais valiosa do que gigantes como a SpaceX de Elon Musk e a ByteDance, a empresa-mãe do TikTok.
Esta avaliação astronómica não surge do nada. É o reflexo de uma semana absolutamente frenética de anúncios, na qual a OpenAI revelou uma expansão agressiva para o comércio eletrónico, as redes sociais e, crucialmente, estabeleceu as bases para controlar o seu próprio destino no que toca ao hardware. A mensagem é clara: a empresa não quer ser apenas um laboratório de IA; quer ser o sistema operativo da próxima era da tecnologia.
Meio bilião de dólares: os números por trás da avaliação
A nova avaliação foi estabelecida através de uma “venda secundária de ações”, uma operação que permitiu a funcionários e ex-funcionários da empresa venderem um total de 6,6 mil milhões de dólares das suas ações a um consórcio de investidores de peso. Este grupo inclui nomes como a Thrive Capital, a SoftBank e a MGX, dos Emirados Árabes Unidos.
Este tipo de operação tem um duplo objetivo. Primeiro, demonstra a enorme procura por parte dos maiores investidores do mundo para deterem uma fatia da empresa. Segundo, e talvez mais importante, serve como uma ferramenta para reter talento. Ao permitir que os seus colaboradores transformem as suas ações em dinheiro, a OpenAI consegue oferecer uma remuneração que rivaliza com a dos gigantes da tecnologia cotados em bolsa, como a Meta ou a Google, que estão numa autêntica guerra para contratar os melhores cérebros da indústria da IA.

A semana em que a OpenAI tentou conquistar o mundo
Esta validação financeira surge no culminar de uma semana em que a OpenAI fez uma demonstração de força, anunciando uma série de iniciativas que expandem a sua influência a quase todas as áreas da nossa vida digital.
O ChatGPT vai às compras
A empresa anunciou parcerias com a Etsy e a Shopify para integrar funcionalidades de compras online diretamente no ChatGPT. O objetivo é transformar o chatbot de um simples assistente de informação num verdadeiro assistente de compras, capaz de te ajudar a encontrar e a comprar produtos.
A aposta no vídeo e nas redes sociais
Foi também anunciada uma nova aplicação social, chamada Sora, focada na criação e partilha de vídeos gerados por IA. É uma jogada que coloca a OpenAI em competição direta com o TikTok, mas com a premissa de que todo o conteúdo é sintético, criado a partir da imaginação dos utilizadores.
A fundação do futuro: o projeto “Stargate” e os chips
Talvez o anúncio mais estratégico de todos tenha sido o estabelecimento de “alianças estratégicas” com as gigantes sul-coreanas Samsung e SK Hynix. Estas parcerias, inseridas no âmbito do projeto “Stargate” da OpenAI, visam garantir o fornecimento de chips de memória avançados – o “combustível” essencial para a IA – e explorar o desenvolvimento de centros de dados de nova geração na Coreia do Sul. Este movimento, que se segue a um anúncio de um investimento de até 100 mil milhões de dólares da Nvidia no mês passado, mostra que a OpenAI está a tomar as rédeas do seu próprio futuro de hardware, para não ficar dependente de terceiros.
Ainda a funcionar sem gerar lucro, a OpenAI, que começou como um laboratório de investigação sem fins lucrativos em 2015, está a operar a uma velocidade e com uma ambição que poucas empresas na história demonstraram. Os investidores fizeram a sua aposta: meio bilião de dólares que dizem que a OpenAI não é apenas uma moda, mas sim a fundação da próxima revolução tecnológica.
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