Quando Carl Pei, o co-fundador da OnePlus, lançou a Nothing em 2020, o mundo da tecnologia estava pronto para abraçar algo novo. A promessa era simples mas poderosa: trazer de volta a emoção, o design arrojado e a sensação de comunidade que a OnePlus tinha perdido. Agora, cinco anos depois, a pergunta impõe-se: será que a Nothing cumpriu a sua promessa ou transformou-se naquilo que jurou combater?
A resposta não é simples. A empresa construiu uma identidade visual inconfundível, mas os seus lançamentos mais recentes, como o Phone (3) e o Nothing OS 4.0, estão a gerar uma divisão crescente na sua base de fãs, levantando dúvidas sobre se a marca ainda está no caminho certo.
O bom: uma identidade que ninguém pode ignorar
Se há algo que a Nothing conseguiu, foi criar uma marca com personalidade. Num mar de retângulos pretos indistinguíveis, os produtos da Nothing destacam-se. A estética transparente, minimalista e futurista tornou-se a sua assinatura.
Mais importante ainda, a empresa evitou o erro de muitas startups: lançar produtos maus. Desde os Ear (1) até ao Phone (2), o hardware tem sido consistentemente sólido e bem construído. A Nothing provou que sabe fazer gadgets.

O mau: o ‘Phone 3’ e a crise de identidade
No entanto, o último ano trouxe nuvens negras. O lançamento do Nothing Phone 3 foi um ponto de viragem, e não necessariamente positivo. A empresa comercializou-o agressivamente como um “verdadeiro topo de gama” (true flagship), mas as escolhas de hardware deixaram muitos fãs desiludidos.
- Preço vs. Specs: O preço subiu para o território premium, mas o processador Snapdragon 8s Gen 4, embora capaz, não é o topo de gama absoluto que o marketing sugeria.
- O Adeus ao Glyph Original: A substituição do icónico sistema de luzes Glyph traseiro pelo novo ecrã “Glyph Matrix” foi controversa. Muitos utilizadores, como o Redditor u/blank2264, argumentam que esta mudança trocou o charme e a simplicidade original por um gimmick que não acrescenta valor real face a um simples Always-on Display.
O feio: um software que promete muito e entrega pouco?
A gota de água para alguns foi o lançamento do Nothing OS 4.0 (baseado no Android 16). A atualização, que teve de ser interrompida para uma correção urgente, foi recebida com frieza. Apesar de um registo de alterações longo, muitos utilizadores sentem que as novidades são superficiais.
“Sinceramente… não consigo encontrar nada que seja realmente novo”, comentou um utilizador no Reddit. Esta sensação de estagnação no software, combinada com decisões de hardware polémicas, sugere que a Nothing pode estar a lutar para encontrar o equilíbrio entre inovação real e a necessidade de lançar novos produtos anualmente.
Cinco anos depois, a Nothing já não é a novidade excitante; é uma empresa estabelecida que enfrenta as dores de crescimento. O desafio agora é provar que ainda tem a magia necessária para surpreender, sem alienar a comunidade que a trouxe até aqui.
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