A aplicação da Inteligência Artificial na ciência representa uma das suas mais importantes funções, ao acelerar o ritmo das investigações e ao revelar novas perspectivas sobre o mundo natural. A tecnologia já não se limita a tarefas de rotina, sendo hoje uma ferramenta essencial na mão dos cientistas.
Segundo Peter Lee, Ph.D., responsável pela Microsoft Research, a capacidade da IA generativa para compreender a linguagem humana é equiparada pela sua aptidão para decifrar as linguagens da natureza, como as que governam moléculas, genomas e proteínas.
A Microsoft tem materializado esta visão através de artigos científicos e do lançamento de ferramentas em áreas como medicina e física quântica, com o objetivo de traduzir a investigação em impacto real de forma mais célere.

Da saúde humana à aceleração da descoberta científica
No campo da IA na saúde, a tecnologia atua como um parceiro analítico. Modelos multimodais processam grandes volumes de dados, desde notas clínicas a lâminas de patologia, para identificar padrões que ajudam a detetar doenças e a personalizar tratamentos. Um exemplo é o PadChest-GR, um conjunto de dados com mais de 4.500 radiografias desenvolvido pela Universidade de Alicante e pela Microsoft, que treina modelos de IA para aumentar a precisão dos diagnósticos.
Outras ferramentas, como o GigaPath, analisam imagens de patologia à escala para detetar anomalias, enquanto o projeto MAI-DxO demonstra como a IA pode ajudar a resolver casos médicos complexos com maior rigor e menor custo.
Esta capacidade de análise de dados impulsiona a descoberta científica de forma mais ampla. A plataforma Microsoft Discovery, por exemplo, funciona como um assistente de investigação que automatiza a formulação de hipóteses e simulações. Numa aplicação prática, ajudou a identificar um novo protótipo de arrefecimento líquido para centros de dados em pouco mais de uma semana.
Ferramentas como o MatterGen, para a criação de novos materiais, e o BioEmu-1, para decifrar estruturas de proteínas, oferecem aos investigadores meios mais poderosos para inovar, encurtando o ciclo entre a teoria e a aplicação.
A tecnologia ao serviço do planeta e da energia
A Inteligência Artificial oferece ferramentas práticas para compreender os sistemas complexos da Terra e enfrentar desafios ambientais.
O Aurora, um modelo fundacional da Microsoft treinado com dados das ciências da Terra, vai além da previsão meteorológica, ao modelar as interações entre atmosfera, solo e oceanos. Esta capacidade permite antecipar com maior precisão a trajetória de ciclones ou alterações na qualidade do ar, ajudando comunidades a prepararem-se para eventos extremos. Em outras frentes, a IA está a ser usada na Tanzânia para monitorizar e proteger girafas através da análise de imagens de drones.
No setor da energia, a IA otimiza a produção e o armazenamento. Numa colaboração com a Nissan, a Microsoft desenvolveu um método de machine learning que prevê o desgaste de baterias de veículos elétricos, reduzindo a necessidade de testes físicos.
Um dos avanços mais significativos foi a descoberta de um novo material que pode diminuir o uso de lítio em baterias até 70%. Esta descoberta resultou da análise de mais de 32 milhões de materiais candidatos pela IA, um processo que seria impraticável com métodos tradicionais.
A tecnologia acelera também a investigação em energia de fusão nuclear, ao simular processos físicos complexos para identificar designs de reatores mais promissores.
Conclusão
A Inteligência Artificial na ciência, impulsionada por entidades como a Microsoft Research, já não é uma promessa futura, mas uma realidade com aplicações concretas. Ao fornecer ferramentas que decifram dados complexos, desde o genoma humano até aos sistemas climáticos, a IA acelera a inovação de forma pragmática.
Os projetos em curso demonstram a sua capacidade para resolver problemas específicos na saúde, na ciência dos materiais e na energia, encurtando a distância entre a investigação e as soluções que moldam o futuro.
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