A batalha pela supremacia da inteligência artificial acaba de subir de tom, saindo dos laboratórios de tecnologia para as salas de tribunal. Elon Musk, através da sua empresa xAI, abriu um processo judicial contra a Apple e a OpenAI, acusando as duas gigantes de formarem uma aliança anticoncorrencial para dominar o ecossistema de IA nos iPhones. Em causa está a integração do ChatGPT na Siri, uma parceria que, segundo Musk, cria um monopólio e prejudica diretamente o seu chatbot concorrente, o Grok.
Esta ação legal não é apenas mais um capítulo na já longa e conturbada relação entre Musk e a OpenAI, a empresa que ele próprio ajudou a fundar. É um ataque direto ao coração da estratégia da Apple para a IA e uma tentativa de abalar as fundações de uma das parcerias mais poderosas do mundo da tecnologia.
O pomo da discórdia: um monopólio no teu bolso?
O centro da queixa de Musk é a alegação de que o acordo entre a Apple e a OpenAI cria um “fosso” intransponível para a concorrência. Ao integrar o ChatGPT de forma tão profunda no iOS, a Apple estaria, na prática, a impedir que os utilizadores de iPhone possam escolher outros assistentes de IA, como o Grok.
Para a xAI, isto representa uma desvantagem dupla. Por um lado, limita o acesso do Grok a mais de mil milhões de utilizadores. Por outro, alimenta a máquina da OpenAI com “milhões de prompts” diários, dados valiosíssimos que são usados para treinar e melhorar os seus modelos de linguagem a um ritmo que mais ninguém consegue acompanhar.

A App Store debaixo de fogo
Mas as acusações não se ficam pela integração na Siri. O processo alega também que a Apple tem vindo a manipular os rankings da sua própria App Store para favorecer o ChatGPT. A queixa aponta para o facto de o ChatGPT ocupar o primeiro lugar na categoria de produtividade, enquanto o Grok se encontra numa modesta sétima posição, sugerindo que esta diferença não é puramente orgânica.
A Apple já veio a público negar as acusações, afirmando à BBC que os seus rankings são baseados em critérios objetivos e geridos por algoritmos e equipas editoriais independentes.
Uma rivalidade com história e trocas de acusações
Esta batalha legal é o culminar de anos de tensão. Musk, um dos cofundadores da OpenAI, tornou-se num dos seus maiores críticos, tendo já processado a empresa em 2024 por, segundo ele, ter traído a sua missão original sem fins lucrativos. A sua tentativa falhada de comprar a OpenAI por quase 100 mil milhões de dólares só veio adensar a rivalidade.
A resposta da OpenAI a este novo processo foi mordaz. Um porta-voz classificou-o como “mais um episódio no padrão de assédio de Musk”, e o seu CEO, Sam Altman, aproveitou para recordar, com ironia, que o próprio Musk já foi acusado de manipular o algoritmo da plataforma X para dar mais visibilidade às suas próprias publicações.
O que muda para ti?
Para já, nada. O processo vai seguir os seus trâmites legais, o que poderá demorar meses ou até anos. Os utilizadores de iPhone continuarão a ter o ChatGPT como uma opção integrada na Siri. No entanto, o desfecho deste caso poderá ser decisivo para o futuro da inteligência artificial nos nossos smartphones. Irá o ecossistema da Apple abrir-se a mais assistentes de IA, ou caminhamos para um futuro onde cada sistema operativo tem o seu “chatbot” de eleição? A resposta a essa pergunta pode muito bem começar a ser escrita neste tribunal do Texas.
Outros artigos interessantes:










