A Nothing, a marca que construiu a sua reputação com base num design arrojado e num marketing irreverente, está no centro de uma polémica que abala a sua imagem de transparência. A empresa foi apanhada a utilizar fotografias de stock para promover as capacidades da câmara do seu recém-lançado Nothing Phone 3, levando os consumidores a acreditar que as imagens impressionantes tinham sido captadas com o novo smartphone.
O caso, que veio a público através de uma denúncia anónima, revela uma prática enganosa que, infelizmente, não é inédita na indústria, mas que mancha a reputação de uma marca que sempre se quis diferenciar pela sua autenticidade.

O detalhe que não passou despercebido
O alerta foi dado quando o site Android Police recebeu uma denúncia sobre um pormenor suspeito nas unidades de demonstração do Phone 3 na Oceânia. A aplicação de demonstração da câmara exibia cinco fotografias espetaculares, acompanhadas da frase: “Julgue por si mesmo. Eis o que a nossa comunidade capturou com o Phone (3)”.
O problema? As imagens, que incluíam uma escadaria em espiral e o retrato de uma mulher, não foram captadas por nenhum membro da comunidade Nothing, nem sequer por um Phone 3. Uma investigação mais aprofundada revelou que todas as fotografias estavam disponíveis para licenciamento no mercado de imagens de stock Stills.
Vários meios de comunicação social confirmaram a origem das imagens. O The Verge contactou o fotógrafo nigeriano Abdullahi Santuraki, autor do retrato da mulher, que confirmou ter licenciado a imagem à Nothing. A análise dos dados EXIF da fotografia revelou que esta foi tirada em 2023, muito antes de o Phone 3 existir. Da mesma forma, o Android Authority falou com Roman Fox, o fotógrafo por trás da imagem do farol do carro, que confirmou que a foto foi captada em 2023 com uma câmara profissional Fujifilm XH2s.
A justificação da Nothing: um “deslize infeliz”
Perante a controvérsia, Akis Evangelidis, cofundador da Nothing, publicou um pedido de desculpas na rede social X, classificando o incidente como um “deslize infeliz”. Evangelidis explicou que uma versão inicial do software de demonstração teve de ser submetida com imagens provisórias (“placeholders”) quatro meses antes do lançamento do smartphone.
Segundo o cofundador, estas imagens deveriam ter sido substituídas por fotografias reais assim que a produção em massa começasse, mas, por lapso, algumas unidades não foram atualizadas a tempo. A empresa está a “investigar internamente para garantir que um problema como este não volte a acontecer”.
Esta prática, infelizmente, não é uma novidade no mercado de smartphones. Em 2018, a Huawei foi apanhada a usar uma câmara DSLR para simular uma selfie tirada com o Nova 3. No mesmo ano, a Samsung também foi criticada por usar imagens de stock para promover a câmara do Galaxy A8.

Para além do percalço, o Phone 3 tem outros trunfos
Este episódio abala a confiança na comunicação da marca, mas não invalida as restantes características do Nothing Phone 3. O smartphone está equipado com um processador Snapdragon 8s Gen 4, um ecrã AMOLED de 6,67 polegadas, e o seu sistema de câmaras real inclui três sensores de 50MP na traseira (principal, periscópio e ultra-grande angular) e um sensor frontal de 50MP.
Outros destaques incluem o seu design único com a Glyph Matrix, altifalantes estéreo, sensor de impressão digital no ecrã e certificação IP68 de resistência à água e poeira. O equipamento corre o Nothing OS 3.5, baseado no Android 15, com a promessa de cinco anos de atualizações do sistema operativo и sete anos de patches de segurança.
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