O lançamento da nova aplicação Meta AI materializa a ambiciosa e arriscada aposta de Mark Zuckerberg na inteligência artificial.
A apresentação do produto, que opera com o modelo Llama 4, foi o ponto central da conferência inaugural da empresa, a LlamaCon, e serviu de pano de fundo para um debate de alto nível entre Zuckerberg e Satya Nadella, CEO da Microsoft, sobre o futuro da tecnologia.

O que é a nova aplicação Meta AI e como funciona?
A mais recente aposta da empresa é uma aplicação autónoma que procura diferenciar-se através da sua forte componente social. O objetivo é tornar a interação com a IA mais contextual e menos isolada do que as soluções oferecidas por concorrentes.
“É inteligente da parte da Meta diferenciar o seu concorrente do ChatGPT, aproveitando as raízes da empresa nas redes sociais“, comentou Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, sobre a abordagem da aplicação Meta AI.
As suas principais características incluem:
- Integração Social: Permite conectar perfis do Facebook e Instagram para personalizar as respostas com base no contexto social do utilizador.
- Funcionalidades Comunitárias: Inclui um “discover feed”, onde é possível ver interações de outros utilizadores com a IA, e um modo de voz para conversas.
- Baseada no Llama 4: Opera sobre a mais recente geração do modelo de linguagem da Meta, prometendo interações mais sofisticadas.
- Modelo Open-Source: A Meta mantém a sua filosofia de código aberto, permitindo que a comunidade de programadores utilize e desenvolva a sua tecnologia.
A visão a longo prazo: da inteligência artificial social à produtividade global
O lançamento da aplicação é o primeiro passo visível de uma visão de longo prazo muito maior. Durante a LlamaCon, Mark Zuckerberg e Satya Nadella debateram o impacto futuro da IA. Zuckerberg afirmou que, para justificar o entusiasmo, a tecnologia precisa de se refletir em “aumentos significativos no PIB” global.
Nadella, por sua vez, traçou um paralelo com a eletricidade, argumentando que o seu verdadeiro impacto na produtividade das fábricas demorou 50 anos a concretizar-se. A resposta de Zuckerberg revelou a urgência por detrás da sua aposta: “Bem, estamos todos a investir como se não fosse demorar 50 anos, por isso espero que não demore 50 anos.”
Investimento colossal e os desafios da estratégia
O diálogo entre os CEOs contextualiza a escala do investimento da Meta, que poderá atingir os 72 mil milhões de dólares em 2025. Este capital destina-se à construção de infraestrutura de hiperescala e à contratação agressiva de talento para competir diretamente com a Google e a OpenAI.
No entanto, a estratégia enfrenta desafios significativos que a colocam, na minha opinião e na de alguns analistas, na categoria de “aposta de risco“. A empresa tem lidado com múltiplas reestruturações internas na sua divisão de IA e dificuldades em reter talento. Além disso, considera a possibilidade de usar modelos de rivais, como o Gemini, como uma solução temporária para garantir a competitividade da sua aplicação.
Perguntas Frequentes (FAQs)
O que distingue a aplicação Meta AI de outras?
A sua principal diferença é a integração social, utilizando o contexto do Facebook e Instagram para personalizar interações, e um feed que permite descobrir como outras pessoas usam a IA.
A utilização da aplicação Meta AI é gratuita?
Sim, a sua utilização é gratuita, e o modelo de linguagem que a alimenta (Llama) continua a ser disponibilizado em formato open-source para programadores.
Qual a visão de longo prazo por detrás da aplicação?
A aplicação é o primeiro passo numa estratégia que visa o desenvolvimento de uma “superinteligência” capaz de gerar um aumento massivo de produtividade a nível global.
Conclusão
A nova aplicação Meta AI é a face visível da tentativa de revolução de Mark Zuckerberg: criar um ecossistema de inteligência artificial aberto, social e integrado no dia a dia de milhares de milhões de pessoas. No entanto, os colossais desafios financeiros, a instabilidade interna e a forte concorrência tornam esta aposta uma das mais arriscadas da história da empresa, deixando em aberto se o resultado será, de facto, uma revolução ou um risco mal calculado.
Fontes: Associated Press, TechCrunch, Reuters
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