Numa decisão que está a abalar a indústria tecnológica, um juiz norte-americano decidiu que a Google não será forçada a vender o seu browser, o Chrome. A decisão representa uma vitória agridoce para a gigante das pesquisas, que, apesar de manter o controlo sobre um dos seus produtos mais valiosos, terá de fazer concessões significativas que prometem mudar o panorama do mercado de smartphones e da pesquisa online.
Para os utilizadores, a boa notícia é que a experiência de utilização do Chrome não será interrompida por uma mudança de dono. No entanto, para os concorrentes, as portas para uma competição mais justa podem finalmente estar a abrir-se.

O Chrome fica, mas a liberdade aumenta
A principal argumentação da Google para não vender o Chrome centrou-se no caos que tal medida poderia gerar. A empresa defendeu que separar o browser do seu ecossistema iria prejudicar os mais de 3,5 mil milhões de utilizadores e desestabilizar toda a base de código aberto Chromium, que serve de alicerce para outros browsers como o Microsoft Edge e o Opera.
O juiz concordou, considerando que a venda seria demasiado disruptiva. No entanto, a vitória da Google veio com um preço elevado. A empresa foi proibida de forçar os fabricantes de smartphones Android a pré-instalar o seu conjunto de aplicações principais, que inclui a Play Store, a Pesquisa Google, o Chrome, o Assistant e o Gemini. Na prática, isto significa que, no futuro, poderás comprar um smartphone Android sem que este venha “carregado” de aplicações da Google que talvez não queiras.
Os segredos da pesquisa vão ser partilhados
Talvez a consequência mais impactante da decisão seja a obrigação imposta à Google de partilhar os seus dados de indexação de pesquisa e as métricas de utilizadores com “concorrentes qualificados”. Nomes como o Bing da Microsoft e o DuckDuckGo terão, pela primeira vez, acesso a informações valiosas sobre o funcionamento interno do motor de pesquisa mais dominante do mundo.
Esta medida tem o potencial de nivelar o campo de jogo, permitindo que outros motores de pesquisa melhorem os seus algoritmos e ofereçam resultados mais relevantes, quebrando, ou pelo menos abalando, o monopólio da Google.
A empresa tem agora 60 dias para começar a implementar estas mudanças, e será supervisionada por um comité durante os próximos seis anos para garantir que tudo é cumprido à risca. Embora ainda demore algum tempo até vermos os efeitos práticos destas medidas, uma coisa é certa: o universo Android e a forma como pesquisamos na internet estão prestes a mudar.
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