Na corrida ao ouro da inteligência artificial, a Nvidia vende as pás e as picaretas mais cobiçadas do mundo: os seus aceleradores de IA. Mas estas ferramentas de alta tecnologia precisam de um combustível igualmente especializado para funcionar: a memória HBM (High-Bandwidth Memory). Durante mais de um ano, neste segmento ultra-lucrativo, a Samsung, a gigante mundial da memória, esteve estranhamente ausente da festa, a ver a sua rival local, a SK Hynix, a dominar o fornecimento para a Nvidia. A razão? Os seus chips não passavam nos rigorosos testes de qualidade da Nvidia.
Agora, parece que a maré finalmente virou. Um novo relatório, vindo da Coreia do Sul, indica que a Samsung não só conseguiu a tão desejada aprovação, como já terá recebido a sua primeira encomenda significativa da Nvidia: 10.000 unidades das suas mais avançadas memórias HBM3E de 12 camadas. Esta é uma vitória suada para a Samsung e uma jogada estratégica crucial para a Nvidia, que altera o equilíbrio de poder na cadeia de fornecimento da IA.
Uma vitória suada: o que significa passar no teste da Nvidia?
Para a Samsung, esta notícia é muito mais do que um simples negócio. É uma questão de orgulho e de validação tecnológica. Durante meses, a empresa viu-se numa posição embaraçosa. Enquanto a procura por chips de IA explodia e a sua concorrente SK Hynix apresentava lucros recorde, a Samsung lutava para resolver problemas de fabrico que impediam os seus chips HBM de atingirem os padrões de desempenho térmico e de fiabilidade exigidos pela Nvidia.
Ser preterido pelo cliente mais importante do mercado foi um golpe duro na reputação da maior fabricante de memórias do mundo. Esta aprovação é o culminar de um esforço massivo de investigação e desenvolvimento para otimizar os seus processos. É a prova de que a Samsung conseguiu resolver os seus problemas e está, finalmente, pronta para competir no segmento mais exigente e lucrativo da indústria.

O que é que a Samsung está a vender? O “topo de gama” da HBM
O produto em questão são, alegadamente, os chips HBM3E-12H da Samsung, considerados os mais avançados do mercado no papel. Estes componentes são pequenas maravilhas da engenharia, compostos por 12 camadas de DRAM empilhadas verticalmente, oferecendo uma capacidade massiva de 36GB e uma largura de banda de 1.280 GB/s por unidade.
Esta densidade e velocidade são essenciais para alimentar os aceleradores de IA da Nvidia, que precisam de aceder a enormes volumes de dados de forma quase instantânea para treinar e executar modelos de inteligência artificial. O desafio da Samsung não era projetar um chip com estas especificações, mas sim produzi-lo em massa com a consistência e a qualidade que a Nvidia exige para os seus sistemas de centenas de milhares de dólares.
Por que é que este acordo é tão crucial para ambos os lados?
Este acordo é uma situação em que todos ganham, resolvendo problemas estratégicos tanto para a Samsung como para a Nvidia.
Para a Samsung, as vantagens são óbvias: um aumento significativo nas receitas e nos lucros, uma provável subida no valor das suas ações e, o mais importante, a recuperação da sua imagem como líder indiscutível em tecnologia de memória.
Para a Nvidia, as vantagens são talvez ainda mais críticas. Com a procura por aceleradores de IA a exceder largamente a oferta, a empresa estava perigosamente dependente de um único fornecedor principal (a SK Hynix) para o seu componente mais crítico. Esta dependência representava um enorme risco para a sua cadeia de fornecimento.
Ao adicionar a Samsung como uma segunda fonte de HBM de ponta, a Nvidia diversifica o seu risco, aumenta a oferta total de chips disponíveis e ganha um poder de negociação muito maior sobre os preços. Isto permitir-lhe-á responder de forma mais eficaz à procura insaciável de gigantes como a Microsoft, a Google, a Apple e a OpenAI, que estão a construir enormes centros de dados para IA.
A encomenda inicial de 10.000 unidades, embora significativa, é provavelmente apenas o começo. Se a Samsung provar que consegue entregar estes componentes com a qualidade e o volume necessários, este acordo tem o potencial para se transformar em contratos de milhares de milhões de dólares nos próximos anos.
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