Portugal está a aumentar o investimento na sua transformação digital, com um foco estratégico em áreas tecnológicas avançadas como a inteligência artificial (IA), cibersegurança, 5G e computação quântica. O país consolida assim o seu ecossistema tecnológico num contexto europeu competitivo.
Esta aceleração é impulsionada por uma conjugação de políticas públicas de digitalização e por uma crescente maturidade tecnológica do setor empresarial. As conclusões constam no relatório “Innovation Telescope – Zoom Portugal”, apresentado pela Minsait, uma empresa do grupo Indra.

O motor duplo do investimento na transformação digital
O relatório da Minsait identifica um motor duplo para o aumento do investimento. O impulso provém, por um lado, de fundos públicos como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e da Estratégia Digital Nacional (EDN).
Por outro, verifica-se uma crescente capacidade do setor empresarial em integrar estas novas tecnologias. Segundo a análise, este alinhamento é coordenado com entidades como o INCoDe.2030, o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) e a Agência para a Modernização Administrativa (AMA).
IA e cloud privada lideram adoção empresarial
O estudo quantifica as metas de adoção tecnológica que este investimento permite. A Minsait projeta que a adoção de robótica multifuncional, combinada com IA e 5G, será uma realidade em 30% das grandes empresas industriais portuguesas até 2027.
Esta tendência reflete uma nova geração de inovação focada na colaboração segura entre humanos e máquinas. Paralelamente, o investimento na gestão de dados torna-se uma prioridade:
- 42% das empresas nacionais planeia transferir cargas de trabalho críticas para ambientes de cloud privada até 2026.
- A motivação é a procura de maior controlo sobre os dados e maior previsibilidade de custos.
- Na Cibersegurança, o investimento reforça estratégias de “zero trust” (confiança zero) e o uso de IA na deteção preditiva de ameaças.
Computação quântica: a aposta de investimento a longo prazo
As tecnologias quânticas são apontadas no relatório como a próxima fronteira de inovação, atraindo investimento estratégico pelo seu potencial em setores como finanças, energia e saúde. Embora numa fase inicial, esta área ganha relevância pela capacidade de resolver problemas complexos.
O relatório destaca que Portugal se posiciona como um participante ativo em projetos europeus, como o EuroQCI (European Quantum Communication Infrastructure). Este investimento, assente na colaboração entre universidades e centros de investigação, é visto como um passo para reforçar a soberania tecnológica nacional.
Sustentabilidade e o futuro do trabalho aumentado
O investimento na transformação digital surge aliado à sustentabilidade. Segundo os dados apresentados, 60% dos líderes de TI em Portugal já considera as práticas ESG (ambientais, sociais e de governação) como uma prioridade, canalizando investimento para a eficiência energética e a economia circular.
Pedro Moura, Manager na Área de Estratégia e Inovação da Minsait, citado no relatório, defende que estas medidas devem ser vistas como “um investimento” que gera poupanças.
O estudo aborda ainda o impacto da IA no trabalho. Com o modelo híbrido consolidado, o relatório sugere que 74% dos líderes portugueses acredita que o investimento em IA e Realidade Aumentada pode aumentar a produtividade em até 30%, num conceito de “Augmented Connected Workforce” (Força de Trabalho Aumentada e Conectada).
Conclusão
O relatório “Innovation Telescope” da Minsait desenha um retrato de um país em transição. O aumento do investimento na transformação digital, alavancado por fundos europeus e pela iniciativa privada, permite a Portugal evoluir de metas de digitalização para uma implementação estratégica com impacto económico e social concreto.
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