Apesar de um clima de incerteza económica persistente, o setor global de serviços de telecomunicações e televisão paga está a mostrar resiliência. Segundo o mais recente relatório da consultora IDC, as receitas globais neste mercado deverão atingir 1,53 mil milhões de dólares este ano, o que representa um crescimento homólogo de 1,7%.
O dado mais notável da análise é o papel da Europa, Médio Oriente e África (EMEA). Esta é a região do mundo onde o crescimento das receitas de comunicações será mais relevante, com uma expansão prevista de 3,2%, atingindo um valor total de 477 milhões de dólares. Estes números demonstram uma ligeira revisão em alta face às projeções iniciais da IDC, sublinhando a força do mercado europeu neste setor.
O motor de crescimento: mais dados, menos voz
A sustentabilidade deste crescimento não advém dos serviços tradicionais, mas sim da adaptação dos operadores à era digital.
- Serviços Móveis Dominam: Os serviços móveis continuam a ser o principal gerador de receitas. Este crescimento é impulsionado por dois fenómenos centrais: o aumento do consumo de dados (para streaming, redes sociais e navegação) e a expansão das aplicações M2M (Machine-to-Machine). Estas novas fontes de rendimento estão a compensar eficazmente a queda contínua das receitas tradicionais de voz e mensagens.
- Banda Larga em Alta: Os serviços fixos de dados também deverão manter uma trajetória de crescimento saudável, impulsionados pela crescente procura por banda larga de alta velocidade e por soluções de débito mais elevado.
- TV por Subscrição: A única área a mostrar um abrandamento no ritmo de crescimento das receitas é a TV por subscrição, que sente a forte concorrência das plataformas de streaming (Netflix, Amazon Prime, etc.).

O contraste da Ásia-Pacífico e a ascensão da Índia
O panorama de crescimento não é universal. As projeções para a região Ásia-Pacífico foram revistas em baixa. A IDC aponta a incerteza económica em países cruciais como a China, o Japão e a Indonésia como a principal causa desta desaceleração.
No entanto, a Índia surge como um forte ponto positivo, registando um crescimento excecional nas Receitas Médias por Utilizador Móvel (ARPU). Isto sugere que, embora o mercado asiático enfrente desafios económicos, a monetização dos serviços de dados em mercados como o indiano continua a ser muito lucrativa para os operadores.

A estratégia de sobrevivência: eficiência e IA
Apesar da resiliência do mercado, a IDC prevê que o crescimento global se fixe num ritmo anual de 1,5% nos próximos cinco anos. O clima de incerteza económica, as tensões geopolíticas (como a guerra na Ucrânia) e a instabilidade política continuam a ser fatores de contenção.
Perante estes desafios, a IDC espera que os operadores de telecomunicações se foquem cada vez mais em estratégias internas para a melhoria de margens e a eficiência operacional. É aqui que a Inteligência Artificial (IA) se torna crucial:
- Otimização de Custos: As grandes empresas do setor estão a investir em IA para otimizar as operações de rede (manutenção preditiva), melhorar o atendimento ao cliente (sistemas de apoio automatizados) e prevenir fraudes.
- Monetização Inteligente: A tecnologia também tem potencial para gerar novas receitas e melhorar as margens através de sistemas avançados de deteção de fraude e de personalização de ofertas, com ajustes dinâmicos de preços assistidos por IA.
Em suma, o crescimento do setor de comunicações está assegurado pela transição para os dados e a banda larga. Mas o futuro das margens de lucro dos operadores será cada vez mais decidido pela sua capacidade de investir em IA para aumentar a eficiência interna e criar serviços mais personalizados.
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