A indústria de drones nos Estados Unidos acaba de sofrer um abalo sísmico. A FCC (Comissão Federal de Comunicações) anunciou uma decisão drástica ao adicionar drones fabricados no estrangeiro – e componentes chave – à sua “Covered List” (Lista de Cobertura), citando preocupações de segurança nacional. Na prática, isto impede que novos modelos de drones estrangeiros recebam a aprovação necessária da FCC para serem vendidos nos EUA.
Embora a medida não mencione marcas específicas, o alvo é claro: a DJI. A gigante chinesa domina entre 70 a 90 por cento do mercado de drones comerciais, governamentais e de lazer nos Estados Unidos. A decisão, que bloqueia efetivamente a importação de tecnologia futura, lançou o pânico entre os 500.000 pilotos comerciais registados no país, que temem pelo futuro dos seus negócios.
O que significa o banimento na prática?
É importante esclarecer o alcance da medida:
- Modelos Existentes: Os drones que já foram aprovados e estão no mercado continuam a ser legais para uso e venda.
- Novos Modelos: Qualquer novo modelo que a DJI (ou outras marcas estrangeiras visadas) tente lançar não receberá autorização da FCC, tornando a sua venda ilegal nos EUA.
Isto cria um cenário de obsolescência forçada. À medida que os drones atuais se desgastam ou se tornam tecnologicamente ultrapassados, não haverá substitutos da mesma marca para ocupar o seu lugar.

“Os drones americanos não são competitivos”
A reação da comunidade de pilotos foi imediata e furiosa. Muitos profissionais que dependem destes equipamentos para agricultura, construção, imobiliário e segurança pública argumentam que não existem alternativas domésticas viáveis.
Eric Ebert, dono de uma empresa de monitorização de construção, resumiu o sentimento geral: “Sou um defensor acérrimo do ‘Fabricado na América’ e conduzo uma carrinha Chevrolet. Mas os drones americanos simplesmente não são competitivos.”
A crítica é que as alternativas ocidentais são frequentemente muito mais caras e tecnologicamente inferiores às da DJI, o que coloca as pequenas empresas numa posição impossível.
Armazenar para sobreviver: o medo da falência
O impacto económico previsto é brutal. Um inquérito recente realizado pelo Pilot Institute a cerca de 8.000 pilotos comerciais revela números assustadores:
- 43 por cento afirmam que o banimento terá um impacto “extremamente negativo” ou levará à “potencial falência”.
- 85 por cento dizem que os seus negócios sobreviverão dois anos ou menos sem acesso a novos drones estrangeiros.
Como medida de sobrevivência, alguns operadores começaram a acumular stock. Há relatos de pilotos que estão a comprar dezenas de drones, baterias e peças sobresselentes para garantir que conseguem continuar a operar durante os próximos anos, antecipando a seca de equipamento que se avizinha em 2026.
Este movimento da FCC, embora justificado pela segurança nacional, ameaça paralisar uma indústria que se tornou essencial para a infraestrutura moderna e resposta a emergências, deixando milhares de profissionais sem as ferramentas de que necessitam para trabalhar.
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