Review Samsung HMX-Q10BP/EDC
Quando recebi em mãos esta câmara de vídeo (filmadora), devo dizer que tive uma primeira impressão muito positiva. Principalmente pelo design sóbrio, pelas suas pequenas dimensões e pelo preço. Mas já aprendi a não dar grande relevância às primeiras impressões, estas geram falsas expectativas e a consequente frustração de as ver goradas.
Comecemos então por vos descrever a algumas das características da máquina que são também bandeiras de promoção deste modelo: um zoom digital de 20x (10x óptico); um modo navegação pelos menus de um só botão físico; dupla estabilização da imagem; inversão da câmara em 180º para facilitar a vida a quem é canhoto; e um sensor CMOS de alta sensibilidade que pelos vistos é uma maravilha em condições de pouca luz.
O que me intrigou logo de inicio foi aquilo que torna único esta série de modelos da SAMSUNG: o facto de ter sido feita a pensar nesses, tantas vezes discriminados e ostracizados esquerdinos que necessitavam de ver as suas pretensões de 

Esta estratégia de concepção foi na minha opinião, um erro. Porque a norma no uso deste produto, apesar de não regulamentada está estabelecida. Uma das pessoas a quem pedi o parecer, e a quem tive o propósito de apresentar a filmadora já invertida e preparada para um natural esquerdino, virou-a e começou a utilizá-la da mesma forma que eu e outro qualquer de vocês usa e usará. Perguntem a um Brasileiro que seja sinistro e que já tenha estado no Suriname, se conduz melhor lá do que no Brasil, simplesmente porque os carros têm a caixa de velocidades do lado contrário e o sentido de marcha é oposto. Perguntem o mesmo a um Angolano, que vá a África Do Sul, ou a um qualquer Europeu que vá ao Reino Unido. A sua resposta é maioritariamente esta: “ É uma questão de hábito”.


O menu é de simples funcionamento e muito intuitivo, os ícones são de imediata compreensão e a resposta ao toque é muito precisa mesmo para dedos grossos. Estão sempre presentes os botões de acesso ao zoom, do leitor de vídeo e dos modos fotografia ou vídeo. Está também sempre presente no ecrã, os comuns indicadores de carga da bateria, a resolução de vídeo ou fotografia, a disponibilidade do cartão de memória em tempo vídeo e das restantes fotografias possíveis, e também o indicador de modo de operação que facilmente se confunde com um ícone de função, função essa reservada para o tal elogiado botão único. Temos então do lado do ecrã um simples botão com uma casa desenhada para aceder a um segundo menu no ecrã, menu esse que nos deixa escolher entre os modos: automático, manual, artístico, álbum e opções de ajuste. Era mesmo necessário este botão? Não poderia ter ficado tudo no ecrã? Na minha opinião podia e devia. O ecrã tem espaço e não ficaria comprometida a visualização do que estamos a filmar ou fotografar. Ter um botão físico que só serve para alternar entre dois menus parece-me descabido, e falar nele como valor acrescido da máquina também.
O modo automático (Smart Auto), faz isso mesmo a que se propõe, ou seja faz tudo por si. A escolha dos parâmetros da 

Tanto no filme como na fotografia esta câmara desilude no que à qualidade da imagem apresentada diz respeito. Apesar de no vídeo a resposta do sensor ser rápida o suficiente para os problemas de “rolling shutter” (efeito de gelatina que acontece na imagem quando se move a câmara na horizontal (“paning”), mais visível quanto maior a velocidade) não se notarem, a definição tanto no vídeo como na fotografia são más. Nem o “motion blur” natural do vídeo esconde uma imagem que parece pintura a óleo ou guache. É de veras frustrante a qualidade de imagem que esta câmara proporciona. Se este efeito é visível nas imagens de boa exposição, nas condições de pouca luz o problema passa a ser o ruído gerado que é por demais evidente apesar do anunciado sensor de alta sensibilidade (BSI CMOS). Além disto acresce o frequente hábito de, com a pressa que temos por vezes, de carregar no botão de filmar/disparo não estando a máquina na horizontal, o que faz a máquina “pensar” que está nas mãos de um esquerdino, filmando portanto como se a máquina estivesse virada para o lado oposto. Resultado vai acabar por ver o seu video apresentado do avesso. Algo que aconteceu algumas vezes.
O preço no Brasil para esta filmadora começa nos 565 R$ (245€) e em Portugal nos 195€ (450 R$). Se estes preços lhe parecem acessíveis, então você tem a “carteira recheada”. Nada paga aquele momento que você quer recordar para a vida, e mostrar para netos e bisnetos. E para esses momentos você deve exigir um mínimo de qualidade que, definitivamente esta câmara não oferece. A disponibilidade de oferta nos dois lados do atlântico para o que este produto se propõe a fazer é abundante até neste valor monetário. Sendo assim, recomendo que por este preço invista numa máquina fotográfica que faça vídeo de alta definição, em vez de comprar uma filmadora que faça fotografia. Ficará melhor servido. Há vários modelos de máquinas fotográficas a rondar os 200€/460 R$ que fazem muito melhor video FullHD como sejam a Olympus sz-20, a Fujifilm Finepix S3400HD, ou a Nikon Coolpix S8100, e mesmo alguns modelos fotográficos compactos que só fazem 720P HD como a Samsung WB210, têm a oferecer melhor qualidade de video . As capacidades que estas câmaras fotográficas têm a nível de fotografia são em grande parte transpostas para o seu modo vídeo deixando com que este produto que a Samsung nos apresenta deixe de fazer sentido. Em entrevista a uma publicação francesa da especialidade o fotógrafo Chase Jarvis disse o seguinte a propósito das DSLR de entrada de gama estarem apetrechadas de funcionalidades profissionais: ”Quando o carro tem mau motor e anda mal ou não anda de todo; não vão ser as jantes de liga leve, nem os estofos em pele aquecidos que o vão pôr a andar”. Esta Samsung HMX-Q10BP/EDC é uma desilusão na construção da imagem vídeo que nos apresenta e nem que tivesse o dobro de filtros artísticos e outras mais funções isso melhoraria.
Gustavo Faria
O Tech&Net agradece a colaboração da Samsung










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