A Lei Geral de Protecção de Dados (LGPD) é um quadro jurídico concebido para proteger os dados pessoais dos cidadãos no Brasil. É o primeiro quadro jurídico abrangente para a protecção de dados no Brasil e um importante passo em frente para a privacidade dos dados. É também um grande desafio para a utilização da Inteligência Artificial (IA). A IA tem sido um importante motor de inovação e tem revolucionado a forma como as empresas operam. Contudo, o uso de IA traz consigo uma série de desafios, especialmente quando se trata de protecção de dados.
A LGPD exige que as organizações protejam os dados dos indivíduos e prevê uma série de medidas para proteger os dados. É um conjunto abrangente de regras que se aplicam ao tratamento de dados pessoais. As organizações devem tomar medidas apropriadas para assegurar que os dados sejam protegidos e que não sejam utilizados para fins não autorizados. Isto significa que as organizações devem ter em vigor salvaguardas adequadas para proteger os dados pessoais, tais como a encriptação e a minimização de dados.
Ao mesmo tempo, a tecnologia da IA está fortemente dependente da utilização de grandes volumes de dados. Os algoritmos de IA são concebidos para utilizar dados para identificar padrões e tomar decisões. Isto significa que os sistemas de IA necessitam de acesso a grandes quantidades de dados para funcionarem de forma óptima. Isto levanta uma série de desafios quando se trata de cumprir com a LGPD. As organizações devem assegurar que são capazes de proteger os dados que utilizam para fins de IA, ao mesmo tempo que se asseguram de que não são utilizados para fins não autorizados.
O LGPD e a IA representam um grande desafio para as organizações que querem utilizar a tecnologia da IA. As organizações devem assegurar-se de que são capazes de cumprir a LGPD e proteger os dados pessoais, ao mesmo tempo que utilizam a IA em todo o seu potencial. É um equilíbrio difícil de atingir, mas é essencial que as organizações o façam para garantir que estão a utilizar a IA de forma responsável e a proteger os dados pessoais dos indivíduos.
O advogado Philipe Monteiro Cardoso*, num artigo de opinião, fala sobre a relação (levanta questões) entre a utilização da Inteligência artificial e o respeito da Lei Geral de Protecção de Dados.
LGPD vs Inteligência Artificial: A proteção dos dados pessoais em tempos de chatbots avançados
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor no Brasil em setembro de 2020 com o objetivo de garantir a privacidade e proteção dos dados pessoais dos indivíduos. Já a inteligência artificial (IA) é uma tecnologia cada vez mais utilizada em diferentes setores, desde a indústria até o atendimento ao cliente.
No entanto, a utilização da inteligência artificial levanta questões importantes sobre a privacidade dos dados pessoais. Isso ocorre porque a IA pode coletar, processar e armazenar uma grande quantidade de informações sobre os usuários, incluindo seus dados pessoais, como nome, endereço, e-mail, número de telefone, entre outros.
Por exemplo, em uma plataforma de atendimento ao cliente, a inteligência artificial pode ser programada para coletar informações dos usuários para melhorar as respostas fornecidas. No entanto, essas informações podem incluir dados pessoais que, se não forem protegidos, podem ser usados para fins mal-intencionados, como a invasão de privacidade, roubo de identidade, entre outros.
A LGPD estabelece diretrizes para o tratamento de dados pessoais, incluindo a coleta, processamento, armazenamento e compartilhamento dessas informações. A lei exige que as empresas obtenham o consentimento explícito dos usuários antes de coletar seus dados pessoais e forneçam informações claras sobre como esses dados serão usados. Além disso, a LGPD prevê penalidades para empresas que não cumprem essas diretrizes, incluindo multas e sanções.
No caso da inteligência artificial, a LGPD também exige que as empresas implementem medidas de segurança para proteger os dados pessoais coletados. Isso inclui a adoção de criptografia, o uso de senhas seguras e a implementação de protocolos de segurança adequados para prevenir o acesso não autorizado.
Portanto, a utilização da inteligência artificial deve estar em conformidade com a LGPD, para que a privacidade dos dados pessoais seja protegida. As empresas devem implementar medidas de segurança adequadas para garantir que os dados pessoais coletados sejam protegidos e usados apenas para fins legítimos.
A LGPD é essencial para garantir a proteção da privacidade dos dados pessoais dos usuários, especialmente em um mundo em que a inteligência artificial é cada vez mais usada. É importante que as empresas adotem medidas de segurança adequadas para proteger os dados pessoais coletados e cumpram as diretrizes estabelecidas pela LGPD, a fim de evitar sanções e proteger a privacidade dos usuários.
É importante destacar que a OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, estabelece em suas diretrizes que todo o conteúdo inserido pelos usuários no chatbot pode ser utilizado para aprimorar a inteligência artificial. Isso inclui dados pessoais, informações sensíveis e qualquer outra informação fornecida pelos usuários em uma conversa com o ChatGPT, por exemplo, podemos pedir para a inteligência artificial estruturar uma lista de e-mails, com isso ao fornecer estes endereços eletrônicos, estamos compartilhando os dados que tivemos acesso com a base de dados da OpenAI e consequentemente estes dados podem ser utilizados como resposta para terceiros.
Dessa forma, é possível que os dados pessoais inseridos no ChatGPT sejam utilizados como resposta para terceiros, o que pode representar uma violação à LGPD. É importante lembrar que a LGPD estabelece regras claras para a coleta, armazenamento, processamento e compartilhamento de dados pessoais, visando a proteção da privacidade e dos direitos dos usuários.
Nesse sentido, é fundamental que as empresas que utilizam inteligência artificial, como a OpenAI, adotem medidas de segurança e privacidade adequadas para proteger os dados pessoais dos usuários. Além disso, é importante que as empresas sejam transparentes em relação ao uso dos dados e forneçam informações claras aos usuários sobre como seus dados serão coletados, processados e compartilhados.
Por fim, é essencial que as empresas que utilizam inteligência artificial estejam em conformidade com a LGPD e outras leis de proteção de dados aplicáveis. Isso é importante não apenas para evitar sanções, mas também para proteger a privacidade e os direitos dos usuários, garantindo que a tecnologia seja utilizada de maneira responsável e ética.
*Philipe Monteiro Cardoso é advogado, autor, palestrante e sócio fundador da Cardoso Advogados Associados. É pós graduado em Direito Civil , LGPD, e criador do sistema de ensino Direito em Curso e Adequar LGPD. Para mais informações, acesse https://cardosoadv.com.br/
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