Numa reviravolta surpreendente, uma aplicação denominada Kimi conseguiu ultrapassar gigantes do streaming como Netflix e Prime Video, tornando-se a app gratuita de entretenimento mais descarregada na App Store. Contudo, a festa não durou muito tempo, uma vez que a Apple decidiu retirá-la da loja. O motivo? Aparentemente, a aplicação oferecia aos seus utilizadores acesso a filmes e séries pirateados.
Kimi apresentava-se como uma aplicação inofensiva destinada a testar a tua visão, propondo-te jogos de encontrar diferenças entre fotografias semelhantes. No entanto, a realidade era bem diferente. Por trás desta fachada, escondia-se um vasto catálogo de conteúdos ilegais, desde blockbusters recentes a filmes premiados. Uma verdadeira caixa de Pandora que, ao ser aberta, revelava muito mais do que simples testes de visão.
A fácil pirataria ao alcance de todos
O que tornava a Kimi particularmente atraente era a sua facilidade de uso. Bastava descarregar a aplicação e iniciar para mergulhar num mundo de conteúdos piratas, muito à semelhança do que acontecia com o serviço já extinto Popcorn Time. Este último ganhou notoriedade por tornar a pirataria tão simples quanto assistir a um filme na Netflix, até que encerrou definitivamente em 2022.
No entanto, a qualidade dos conteúdos disponíveis na Kimi variava significativamente. Por exemplo, a cópia do filme “Poor Things”, com Emma Stone, apresentava-se granulada e pixelizada, enquanto outras produções, disponíveis em alta qualidade, eram interrompidas por anúncios no topo do ecrã. Este cenário faz relembrar os tempos anteriores à era do streaming, onde encontrar filmes e séries online era sinónimo de navegar por águas turvas de qualidade duvidosa.
O desafio da Apple na moderação da App Store
A retirada da Kimi pela Apple sublinha o desafio constante que a empresa enfrenta na moderação da sua App Store. A Apple, conhecida pelo seu compromisso com a privacidade e segurança, esforça-se por garantir que todas as aplicações disponíveis para download cumpram com as regras estabelecidas. Contudo, com o crescente descontentamento dos utilizadores relativo ao número cada vez maior de serviços de streaming pagos e à dificuldade em aceder a todos os conteúdos desejados, a pirataria volta a ganhar terreno.
Este incidente surge num momento em que a Apple se prepara para cumprir com o Digital Markets Act (DMA) da União Europeia, comprometendo-se a implementar regras e ferramentas de moderação rigorosas para qualquer loja de aplicações alternativa que venha a integrar os seus sistemas. No entanto, este caso evidencia que, apesar dos esforços, manter um ecossistema de aplicações limpo e seguro é uma batalha constante.
A ascensão e queda da Kimi na App Store é um lembrete oportuno da linha ténue entre inovação e ilegalidade no mundo digital. Enquanto a Apple e outras empresas tecnológicas continuam a lutar contra a distribuição ilegal de conteúdos, os utilizadores são confrontados com a difícil escolha entre a conveniência e a legalidade. Neste cenário em constante evolução, só o tempo dirá como se equilibrará a balança entre acesso a conteúdos, direitos de autor e as medidas de segurança implementadas pelas plataformas digitais.
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