Num desenvolvimento surpreendente que intensifica a disputa entre a administração Trump e a Universidade de Harvard, o governo federal anunciou que vai cortar todo o financiamento de investigação futuro à prestigiada instituição. Esta decisão, comunicada através de uma carta da Secretária de Educação, Linda McMahon, marca um novo capítulo na tensa relação entre a Casa Branca e uma das universidades mais importantes dos Estados Unidos.
A notícia tem um peso considerável, dado o volume de fundos federais que suportam a investigação em universidades como Harvard. No entanto, a forma como o anúncio foi feito está a gerar tanta atenção quanto a própria decisão, devido ao conteúdo e tom invulgares da comunicação oficial.
A carta que está a dar que falar
A missiva enviada a Harvard distingue-se marcadamente das comunicações governamentais típicas. Em vez de uma exposição clara e concisa das razões para o corte de financiamento e as condições para a sua eventual reversão, a carta é descrita como uma espécie de “desabafo” ou “rant” focado em questões culturais e políticas. A linguagem utilizada é peculiar, e o tom é considerado por quem a analisou como “quase irracional” e carregado de retórica política.
Logo no primeiro parágrafo, a carta afasta-se do tema financeiro para levantar questões sobre a origem dos estudantes de Harvard, a forma como são admitidos na universidade e no país, e expressa perplexidade sobre a existência de “tanto ódio”. Pergunta ainda porque é que a Harvard não oferece “respostas diretas ao público americano”. Este foco em queixas e interrogações retóricas domina grande parte do texto, tornando difícil discernir as exigências concretas do governo.

Críticas variadas à universidade
Para além das questões mais gerais e politicamente carregadas, a carta mergulha em críticas específicas à gestão e práticas de Harvard. Menciona, por exemplo, um curso de matemática que a universidade criou para ajudar estudantes a superar dificuldades resultantes das interrupções causadas pela pandemia de COVID-19. A carta critica este curso, classificando-o como “remedial” e questionando a sua necessidade numa instituição que se orgulha dos seus altos padrões académicos.
Outros alvos das críticas na carta incluem a renúncia do anterior presidente de Harvard e as contratações de professores pela universidade. A carta chega a fazer uma comparação mordaz sobre as novas contratações, comparando-as a “contratar o capitão do Titanic para ensinar navegação”, uma metáfora que sublinha o tom acusatório e pouco formal do documento.
O impacto bilionário na investigação
Apesar do tom invulgar da carta, o seu conteúdo tem consequências muito reais e significativas. O corte de todo o financiamento federal futuro a Harvard afeta diretamente a capacidade da universidade de realizar novas investigações. Universidades de ponta como Harvard dependem fortemente de subsídios federais para financiar projetos de pesquisa em diversas áreas científicas, desde a medicina à física, passando pelas ciências sociais.
A fonte desta notícia sublinha que “milhares de milhões de dólares em financiamento para alguns dos investigadores mais proeminentes do mundo estão em jogo” neste tipo de decisões. Embora o valor exato que Harvard deixará de receber não seja detalhado, é certo que se trata de uma quantia avultada que terá um impacto considerável nas operações de pesquisa da universidade.
Condições incertas para a reversão
A carta da Secretária de Educação contém uma sugestão, embora vaga, de que o financiamento poderia ser restaurado se a Harvard cumprir “a lei federal estabelecida há muito tempo”. No entanto, a mesma fonte aponta que exigências anteriores feitas pela administração Trump a Harvard já iam além do que é estritamente requerido pela lei federal.
Dada a falta de clareza e a natureza das queixas expressas na carta, não fica evidente quais seriam os passos concretos que a Harvard precisaria de dar para satisfazer o governo e ver os fundos de investigação restaurados. A ligação entre as críticas expressas (sobre estudantes, contratações, cursos) e o cumprimento da “lei federal” não é clara no texto da carta, deixando a universidade numa posição incerta sobre como proceder.
Este corte de financiamento federal futuro a Harvard, comunicado de forma tão atípica, é mais um episódio na tensa relação entre a administração Trump e as instituições académicas de elite. A decisão tem um impacto financeiro real na capacidade de investigação de Harvard e levanta questões sobre as motivações e as condições para uma eventual reconciliação, tudo isto envolto na linguagem peculiar da comunicação governamental.
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