O mercado chinês de telemóveis, um dos maiores e mais competitivos do mundo, parece ter entrado num período de estagnação. Durante o segundo trimestre do ano, entre abril e junho, as vendas totais cresceram uns meros 1%, um sinal claro de abrandamento. No entanto, no meio deste cenário morno, há duas gigantes que não só estão a resistir à tendência, como estão a crescer a um ritmo impressionante: a Huawei e a Apple.
De acordo com os mais recentes dados da empresa de análise de mercado Counterpoint Research, estas duas marcas foram as únicas do top 5 a registar um crescimento homólogo positivo, deixando a concorrência para trás e reforçando a sua posição dominante. Se estavas à espera de uma surpresa no pódio, a história deste trimestre é de um duopólio cada vez mais consolidado.

O regresso em força da Huawei
A grande protagonista deste trimestre é, sem dúvida, a Huawei. A empresa liderou o crescimento entre todas as marcas, com um aumento notável de 12% nas suas vendas. Este resultado é particularmente impressionante e deve-se a uma combinação de dois fatores principais que impulsionaram a procura pelos seus dispositivos.
O primeiro foi o forte desempenho durante o 618, um dos maiores festivais de compras anuais da China, onde as promoções agressivas atraíram um grande número de compradores. O segundo, e talvez mais importante, foi o programa de subsídios do governo chinês, que continua a ter um impacto significativo nas decisões de compra.
O trunfo dos subsídios governamentais
Este programa nacional de subsídios abrange uma vasta gama de produtos, incluindo telemóveis, tablets, pulseiras e relógios inteligentes, desde que o seu preço seja inferior a 6.000 yuans (cerca de 820 dólares). Os utilizadores elegíveis recebem um desconto único que pode chegar aos 500 yuans (aproximadamente 68 dólares). Esta ajuda governamental tem sido um motor fundamental para as vendas da Huawei, tornando os seus produtos ainda mais competitivos.
No entanto, existe uma nuvem no horizonte. Há a possibilidade de este programa de subsídios ser reduzido na segunda metade do ano, o que poderá abrandar o ritmo de crescimento da Huawei. Resta saber se a forte procura pelos seus produtos será suficiente para manter o ímpeto, mesmo sem este apoio.
Apple: a única outra marca a sorrir
No meio de um mercado estagnado, a Apple foi a única outra marca do top 5 a conseguir um resultado positivo. A empresa de Cupertino registou um crescimento estimado de 8% nas suas vendas durante o segundo trimestre, um feito notável que demonstra a resiliência e o poder da sua marca.
Tal como aconteceu com a Huawei, o sucesso da Apple esteve intimamente ligado ao festival de compras 618. A empresa viu um aumento significativo na procura pela série iPhone 16 em maio, graças a uma campanha de descontos estrategicamente lançada pouco antes do grande evento de compras. Esta tática provou ser eficaz para atrair os utilizadores e impulsionar as vendas num período crucial.
O desempenho da Huawei e da Apple neste trimestre conta a história de um mercado a duas velocidades. Enquanto a maioria das marcas luta para manter a sua quota de mercado, estas duas gigantes continuam a encontrar formas de crescer e a solidificar o seu domínio, seja através de inovação, de estratégias de preço agressivas ou do apoio de programas governamentais.
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