Mais de metade dos jovens portugueses vive com o receio de não conseguir garantir uma reforma financeiramente confortável, num cenário de crescente pressão económica.
Os dados do “Gen Z and Millennial Survey 2025”, da Deloitte, revelam que 60% dos Millennials e 54% da Geração Z em Portugal partilham desta ansiedade, valores significativamente acima da média global.

Esta preocupação com o futuro espelha as dificuldades do presente: mais de metade destes jovens vive de salário em salário e uma percentagem elevada admite dificuldades em cobrir as despesas mensais básicas.
O estudo pinta o retrato de uma juventude que, confrontada com desafios económicos e instabilidade, reavalia as suas prioridades, ambições e a própria definição de sucesso profissional.
O custo de vida como principal fonte de preocupação dos jovens portugueses
Pelo quarto ano consecutivo, o custo de vida surge como a principal preocupação para os jovens em Portugal. Esta pressão financeira não só molda o dia a dia, como também condiciona decisões de longo prazo. O estudo da Deloitte revela um dado alarmante: 53% dos Millennials e 40% da Geração Z no país não prosseguiram estudos no ensino superior devido a limitações financeiras, valores muito superiores aos globais.
Esta realidade demonstra que as barreiras económicas se estendem para além das despesas correntes, impactando diretamente o acesso à formação e ao desenvolvimento de competências. Quando questionados sobre o ensino superior, os jovens apontam o custo elevado das propinas como o maior entrave, seguido pela falta de relevância dos currículos para as exigências do mercado de trabalho.
A saúde mental no trabalho e o papel das chefias
A estabilidade financeira é uma fonte de stress para 55% dos inquiridos, mas a saúde mental no trabalho emerge como outro ponto crítico. Cerca de um terço dos jovens afirma que o seu emprego contribui de forma significativa para os seus níveis de ansiedade. A principal causa apontada é a falta de reconhecimento e recompensa adequados pelo trabalho realizado.
O inquérito expõe também um desfasamento profundo entre as expectativas e a realidade no que toca à liderança. Os jovens esperam das suas chefias orientação, apoio e motivação, mas sentem que, na prática, recebem microgestão e pouco estímulo. As principais falhas identificadas são:
- Apoio à equipa: 70% da Geração Z considera importante, mas apenas 27% afirma recebê-lo.
- Inspiração e motivação: 68% dos Millennials valoriza este ponto, mas só 24% o sente no dia a dia.
Estes números indicam que, apesar de mais de metade dos empregadores afirmar levar a saúde mental a sério, a perceção dos trabalhadores é a de que ainda existe um longo caminho a percorrer para criar ambientes de trabalho genuinamente saudáveis e motivadores.
Conclusão
O estudo da Deloitte traça o perfil de jovens portugueses resilientes, mas sob forte pressão. Entre a luta para pagar as contas e a ansiedade sobre o futuro, esta geração redefine as suas ambições, valorizando o equilíbrio, o propósito e o bem-estar acima de modelos de sucesso tradicionais.
As suas preocupações e expectativas são um sinal claro para as empresas e decisores políticos sobre a urgência de construir um mercado de trabalho mais equitativo, flexível e humano.
Outros artigos interessantes: