As organizações em Portugal sofreram uma média de 2.061 ciberataques por semana durante o mês de agosto, um número que posiciona o país como o terceiro mais afetado na Europa. A conclusão consta no mais recente Relatório Global de Inteligência de Ameaças da Check Point Research (CPR), divulgado esta sexta-feira, 12 de setembro.

A nível global, a média semanal de ataques por organização atingiu os 1.994, o que representa um aumento de 10% face ao período homólogo de 2024. Os dados indicam que o setor da Educação continua a ser o alvo principal a nível mundial, enquanto em Portugal a maior pressão recaiu sobre as empresas de telecomunicações.
Panorama global: setores críticos e cadeias de abastecimento na mira
O relatório de agosto evidencia uma pressão contínua sobre infraestruturas essenciais. O setor da Educação mantém-se como o mais atacado globalmente, com uma média de 4.178 ataques semanais por organização. Este volume reflete uma superfície de ataque alargada pela digitalização e recursos de segurança frequentemente limitados.
O setor das Telecomunicações, com 2.992 ataques semanais (+28% de crescimento anual), é visado pela sua importância como infraestrutura crítica. Já o setor da Agricultura registou o aumento anual mais significativo, com um crescimento de 101% para 1.667 ataques semanais, o que indica um interesse crescente dos atacantes em explorar as cadeias de abastecimento alimentar, cada vez mais dependentes de tecnologia IoT.
Regionalmente, África continua a ser a zona geográfica com maior volume de ataques (3.239 por semana), enquanto a América do Norte registou o maior crescimento anual (20%), impulsionado por ataques de ransomware.
A situação em Portugal: números e setores mais Afetados
Com uma média de 2.061 ataques semanais, Portugal surge no pódio dos países europeus mais atacados em agosto, apenas atrás da Itália (2.221) e da República Checa (2.180). O crescimento de 5% face ao ano anterior é, no entanto, um dos mais contidos registados no continente europeu.
Em território nacional, os setores que enfrentaram maior volume de ameaças foram:
- Telecomunicações
- Instituições Públicas e Governamentais
- Serviços Financeiros
Ransomware: a ameaça que continua a crescer
Os ataques de ransomware mantiveram a sua trajetória ascendente, com um aumento de 14% no número de incidentes reportados publicamente em comparação com o ano anterior. A indústria transformadora foi o setor mais atingido, ao concentrar 13,6% dos casos.
A análise da Check Point Research destaca a atividade de três grupos principais:
- Qilin (16% dos ataques): Conhecido anteriormente como Agenda, este grupo expandiu as suas operações com um encriptador baseado em Rust e um modelo de Ransomware-as-a-Service (RaaS).
- Akira (8% dos ataques): Focado nos setores de serviços e indústria, utiliza um encriptador em Rust que visa especificamente sistemas ESXi.
- Inc. Ransom (6% dos ataques): Este grupo tem direcionado os seus ataques para os setores da saúde e educação.
Conclusão
Os dados recolhidos pela Check Point Research em agosto indicam que o panorama de ameaças se mantém num patamar elevado e persistente. A pressão sobre setores críticos, como as telecomunicações e a agricultura, e o crescimento contínuo de ataques de ransomware, sublinham a necessidade de as organizações adotarem estratégias de cibersegurança focadas na prevenção. Conforme destaca a equipa de investigação, a evolução da deteção para a prevenção em tempo real é fundamental para proteger as infraestruturas críticas.
Para mais informações, visite o blog da Check Point.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Qual o setor mais atacado em Portugal durante o mês de agosto?
O setor das telecomunicações foi o que registou o maior volume de ciberataques em Portugal, seguido pelas instituições públicas e pelos serviços financeiros.
Por que motivo o setor da Agricultura teve um crescimento de ataques tão elevado?
O crescimento de 101% reflete o aumento da dependência tecnológica do setor (sensores IoT, drones) e o interesse dos atacantes em visar as cadeias de abastecimento e a segurança alimentar.
O que é o grupo de ransomware Qilin?
Qilin é um dos grupos de ransomware mais ativos, responsável por 16% dos ataques reportados em agosto. Utiliza um modelo de Ransomware-as-a-Service (RaaS) e um encriptador de ficheiros desenvolvido na linguagem de programação Rust.
Outros artigos interessantes:










