A Apple é mestre em guardar os seus segredos, mas nem ela consegue controlar tudo. A Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC), a entidade governamental que tem de aprovar qualquer dispositivo com capacidades de comunicação sem fios antes de ser vendido, parece ter cometido um erro e publicou acidentalmente documentos que confirmam a existência de uma nova versão do Apple Vision Pro.
A fuga de informação, que ocorreu apesar de um pedido de confidencialidade por parte da Apple, dá-nos a primeira prova oficial de que um Vision Pro 2 está a caminho. No entanto, os poucos detalhes revelados nos documentos, quando combinados com os rumores que já circulam, pintam o retrato de uma atualização que poderá ser dececionante para quem esperava uma revolução ou uma baixa de preço.
O que é que a fuga de informação revela (e o que não revela)?
Os documentos partilhados pela FCC referem-se a um “Dispositivo Montado na Cabeça” (“Head Mounted Device”) da Apple, com o número de modelo A3416. Uma imagem incluída no processo confirma que se trata de um headset da linha Vision Pro.
Como é habitual neste tipo de documentação, a maioria dos ficheiros são relatórios de testes técnicos (transmissão, SAR, WLAN), pelo que não revelam grandes segredos sobre as funcionalidades do produto. No entanto, um detalhe técnico importante saltou à vista: os testes de Wi-Fi não mostram qualquer sinal de operação na banda de 6GHz. Isto significa que o novo Vision Pro continuará a usar Wi-Fi 6, e não a mais recente norma Wi-Fi 6E. É um pormenor pequeno, mas que reforça a ideia de que esta será uma atualização iterativa, e não uma reformulação completa.

Juntando as peças: o que esperar do Vision Pro 2?
Esta confirmação oficial serve de âncora para os rumores que têm vindo a surgir nos últimos meses. E o quadro que se forma é o de uma atualização focada quase exclusivamente no desempenho interno.
O Bom (O Processador)
A grande e, ao que parece, única melhoria significativa será o processador. O Vision Pro 2 deverá dar o salto do chip M2, que equipa a primeira geração, para o muito mais potente chip M5. Esta atualização irá fornecer um poder de processamento e gráfico consideravelmente superior, permitindo aos programadores criar aplicações mais complexas, com gráficos de maior fidelidade e experiências de computação espacial mais ambiciosas.
O Mau (O Design e o Preço)
Do lado negativo, os rumores são unânimes: não são esperadas quaisquer alterações no design. O Vision Pro 2 deverá ser visualmente idêntico ao seu antecessor. Mais crítico ainda é o preço. Tudo indica que a Apple irá manter o preço estratosférico de 3.499$, um valor que tem sido a principal barreira à adoção do produto pelo público em geral.
Uma atualização “obrigatória” e a mira no futuro
Perante este cenário, a pergunta é óbvia: qual é o objetivo deste lançamento? Se o Vision Pro 2 é praticamente igual ao primeiro e custa o mesmo, porque é que a Apple se está a dar ao trabalho? A resposta parece estar na estratégia a longo prazo.
Este não é um produto pensado para o consumidor comum. É uma atualização quase “obrigatória” para manter a plataforma relevante para os programadores. Ao equipar o headset com o seu mais recente processador, a Apple envia um sinal à comunidade de desenvolvimento de que continua empenhada no visionOS e que lhes está a dar as melhores ferramentas para continuar a explorar o futuro da computação espacial.
Ao mesmo tempo, cada Vision Pro vendido (seja da primeira ou da segunda geração) é uma valiosa fonte de dados para a Apple, que continua a trabalhar no seu verdadeiro objetivo final: uns óculos de realidade aumentada leves, elegantes e acessíveis, por vezes apelidados de “Vision Air”, que não são esperados antes de 2027.
Com um lançamento previsto para antes do final do ano, o Vision Pro 2 parece destinado a ser um produto de nicho, tal como o seu antecessor. É um passo intermédio, uma ponte de hardware que serve para manter o ecossistema vivo enquanto a Apple prepara a verdadeira revolução para mais tarde.
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