Com um pico brutal de 29,7 Tbps, a botnet Aisuru quebrou todos os registos anteriores num ataque hipervolumétrico. O relatório trimestral da Cloudflare confirma uma escalada sem precedentes na ciberguerra global.
Destaques
- Recorde Mundial: A Cloudflare bloqueou um ataque de 29,7 Tbps, o maior alguma vez registado.
- A Ameaça: A botnet “Aisuru”, com 4 milhões de bots, é responsável pela nova vaga de ataques hipervolumétricos.
- Alvos: Setores automóvel, mineração e empresas de IA viram os ataques disparar devido a tensões geopolíticas.
- Portugal: O site Fogos.pt resistiu a ciberataques durante a época de incêndios com a proteção da Cloudflare.
A barreira do inimaginável foi ultrapassada no terceiro trimestre de 2025. A Cloudflare revelou ontem, no seu mais recente relatório de ameaças, que os seus sistemas autónomos bloquearam com sucesso o maior ataque DDoS da história. A ofensiva atingiu um volume colossal de 29,7 terabits por segundo (Tbps), redefinindo a escala de perigo que as infraestruturas digitais enfrentam atualmente.

Por trás deste recorde encontra-se uma nova e poderosa ameaça: a botnet Aisuru. Descrita como o “ápice das botnets”, esta rede maliciosa controla um exército estimado entre 1 a 4 milhões de dispositivos infetados em todo o mundo. Segundo os dados apurados, a Aisuru especializou-se em ataques “hipervolumétricos”, tendo lançado uma média de 14 ofensivas diárias superiores a 1 Tbps durante o último trimestre.
O alvo: Indústrias críticas e Inteligência Artificial
O relatório estabelece uma ligação clara entre a atividade desta botnet e o clima de tensão geopolítica. A escalada das disputas comerciais entre a União Europeia e a China, nomeadamente sobre tarifas de veículos elétricos e minerais raros, teve repercussões diretas no ciberespaço.
O setor automóvel foi uma das principais vítimas, registando um aumento de ataques que o fez subir 62 posições no ranking global de alvos. Da mesma forma, a indústria de mineração e metais sofreu uma pressão significativa.
Paralelamente, a Inteligência Artificial tornou-se um alvo prioritário. Num momento em que a regulação da IA domina a agenda política, a Cloudflare detetou um aumento mensal de até 347% no tráfego de ataque contra empresas de IA generativa.
Indonésia lidera origens e Portugal resiste
A geografia do cibercrime também apresenta novidades. A Indonésia consolidou a sua posição como a maior origem mundial de tráfego DDoS, com um aumento explosivo de 31.900% na atividade maliciosa nos últimos cinco anos.
Apesar da magnitude global das ameaças, as defesas da Cloudflare provaram a sua eficácia a nível local. O relatório destaca o caso do portal português Fogos.pt. Durante a época crítica de incêndios de 2025, esta plataforma de serviço público gerida por voluntários foi alvo de ataques DDoS, mas a infraestrutura manteve-se operacional graças aos sistemas de mitigação da empresa, garantindo o acesso à informação em tempo real.
A era dos ataques relâmpago
A análise técnica revela uma mudança tática preocupante: a velocidade. A maioria dos ataques registados (cerca de 89% na camada de rede) teve uma duração inferior a 10 minutos.
Estes ataques “relâmpago”, embora curtos, são suficientemente potentes para causar disrupção total antes que qualquer equipa de segurança humana consiga reagir. Esta realidade torna obsoletas as defesas manuais e obriga as organizações a adotar sistemas de proteção totalmente automatizados.
Mais informações no blog oficial da Cloudflare
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que significa um ataque de 29,7 Tbps?
Tbps significa “Terabits por segundo”. Um ataque desta magnitude envolve um volume de dados tão massivo que consegue saturar as ligações de internet de países inteiros ou grandes fornecedores de serviços, tornando impossível o acesso legítimo.
Como funciona a botnet Aisuru?
A Aisuru infeta milhões de dispositivos vulneráveis (como routers, câmaras e servidores) e coordena-os para enviar tráfego lixo simultaneamente para um alvo, sobrecarregando os seus sistemas.
Por que razão as empresas de IA estão a ser atacadas?
O aumento de 347% nos ataques deve-se à visibilidade crescente do setor, às controvérsias sobre direitos de autor e regulação, e ao facto de estas plataformas exigirem muitos recursos computacionais, tornando-as alvos atrativos para sabotagem.
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