O debate sobre o acesso de bots de inteligência artificial a conteúdos online ganhou um novo capítulo, com a Cloudflare a pressionar a Google para separar os seus sistemas de recolha de dados. O objetivo? Permitir que os proprietários de sites possam bloquear o acesso de bots responsáveis por recolher dados para funcionalidades de IA, como os resumos automáticos, sem prejudicar a indexação tradicional nos motores de busca.
Cloudflare quer separar bots e garantir mais controlo aos sites
A Cloudflare, conhecida pelas suas soluções de segurança e desempenho para websites, está a testar funcionalidades que permitem aos sites bloquear bots de IA ou mesmo exigir pagamento pelo acesso a determinados conteúdos. Esta iniciativa levantou de imediato dúvidas entre proprietários de sites e especialistas em SEO, que temem perder visibilidade nos resultados de pesquisa caso bloqueiem os bots da Google.
Matthew Prince, CEO da Cloudflare, respondeu publicamente a estas preocupações, garantindo que está em conversações com a Google para criar uma separação clara entre os bots usados para indexação de pesquisa e aqueles utilizados para alimentar funcionalidades de IA, como o AI Overview e o Answer Box. Prince mostrou-se confiante de que será possível distinguir estes acessos, permitindo aos administradores bloquear apenas os bots de IA sem afetar a presença nos motores de busca.

Legislação poderá ser o próximo passo
Apesar da confiança demonstrada por Prince, a Google não confirmou oficialmente a existência destas conversações nem se está disposta a separar os seus bots. Caso não haja acordo, Prince admite avançar para a via legislativa, pressionando pela criação de leis que obriguem as grandes tecnológicas a distinguir claramente os diferentes tipos de bots. Embora não exista ainda legislação específica sobre esta matéria, Prince considera que aprovar uma lei deste género seria viável em várias jurisdições.
No entanto, especialistas alertam para as dificuldades inerentes à criação de legislação tecnológica, sobretudo devido ao ritmo acelerado da evolução tecnológica e à complexidade do tema da inteligência artificial. Além disso, as grandes empresas tecnológicas têm poucos incentivos para colaborar com intermediários como a Cloudflare, o que pode dificultar ainda mais a implementação destas mudanças.
Críticas e preocupações em torno da iniciativa
A proposta da Cloudflare não está isenta de críticas. Há quem tema que a implementação de bloqueios e paywalls possa afetar negativamente atividades consideradas benéficas, como a investigação académica, auditorias de segurança e outros tipos de rastreamento online que não têm fins comerciais. Projetos como o Internet Archive, fundamentais para preservar e aceder a informação histórica da web, podem igualmente ser prejudicados por estas barreiras adicionais.
O debate promete manter-se aceso, com muitos a acompanhar de perto os desenvolvimentos entre a Cloudflare e a Google. Para já, resta esperar para ver se as empresas chegam a acordo ou se será mesmo necessário recorrer à legislação para garantir um maior controlo sobre o acesso de bots de IA aos conteúdos online.
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