A liderança de Tim Cook na Apple está a ser alvo de debate após um ano particularmente difícil para as ações da empresa. A consultora LightShed Partners defende que a gigante tecnológica precisa de um CEO mais focado em produto do que em logística, apontando que a falta de avanços em inteligência artificial e um portefólio de produtos considerado envelhecido estão a travar o crescimento da Apple.
Segundo uma nota enviada a investidores, os analistas Walter Piecyk e Joe Galone assinalam que “a Apple precisa agora de um CEO centrado no produto, não na logística”. A recomendação surge num momento em que as ações da Apple recuaram 16% em 2025, enquanto rivais como a Meta e a Microsoft registaram subidas de 25% e 19%, respetivamente. Para os analistas, falhar na aposta na inteligência artificial pode comprometer o futuro da empresa e a sua capacidade de crescer num mercado cada vez mais competitivo.

Resultados de longo prazo e lealdade do conselho de administração
Apesar das críticas, o desempenho global da Apple sob a liderança de Tim Cook é inegável: desde que assumiu o cargo de CEO, as ações da empresa valorizaram mais de 1.400%, contra 430% do S&P 500. O próprio relatório da LightShed reconhece o mérito de Cook, considerando-o “o CEO certo no momento da sua nomeação” e elogiando o trabalho feito até agora. Contudo, a consultora acredita que, com a saída do diretor de operações Jeff Williams – que será substituído por Sabih Khan –, está na altura de uma mudança mais disruptiva.
No entanto, segundo Mark Gurman, da Bloomberg, não existem sinais de que Tim Cook esteja prestes a abandonar o cargo ou que exista um sucessor pronto para assumir a liderança. O conselho de administração, composto por nomes como Arthur Levinson, Susan Wagner e Ronald Sugar, mantém-se fiel a Cook e não sente necessidade de alterar a liderança neste momento.
Mudanças internas e possíveis cenários futuros
Com a saída de Jeff Williams, o nome mais apontado como potencial sucessor é John Ternus, vice-presidente sénior de engenharia de hardware. Ainda assim, a probabilidade de uma transição de liderança a curto prazo é reduzida. Segundo Gurman, o próprio conselho considera Cook o único capaz de conduzir a Apple nesta fase de incerteza e desafios, sobretudo no que diz respeito à adaptação à inteligência artificial e à renovação do portefólio de produtos.
Há ainda a possibilidade de Tim Cook acumular funções, podendo vir a assumir o cargo de chairman da Apple, caso Arthur Levinson opte pela reforma. Este cenário daria ainda mais poder ao atual CEO, seguindo o exemplo de outros líderes do setor tecnológico.
Apesar das críticas e dos alertas de executivos como Eddy Cue, que teme que a Apple possa perder relevância como aconteceu com a BlackBerry ou a Nokia, a confiança do conselho de administração em Tim Cook permanece inabalável. Para já, a Apple reconhece a necessidade de se adaptar, mas não prevê mudanças radicais na liderança num futuro próximo.
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