No ultracompetitivo mundo dos semicondutores, onde cada nanómetro conta, a Samsung acaba de fazer uma jogada de mestre que pode abalar os alicerces da indústria. A gigante sul-coreana iniciou este mês a produção em massa dos seus primeiros processadores de 2 nanómetros, antecipando-se à sua grande rival, a TSMC, e sinalizando que a sua ambição de dominar o mercado de processadores está mais viva do que nunca.
Esta aceleração representa um marco histórico para a divisão de semicondutores da Samsung, que poderá ser a primeira do mundo a colocar um processador de 2nm num smartphone. O primeiro a receber esta honra será o Exynos 2600, um chip que não só promete um regresso em grande da linha Exynos aos topos de gama da marca, como também serve de cartão de visita para atrair gigantes como a Qualcomm e a NVIDIA.
A aposta é arriscada, mas o prémio é enorme. Se a Samsung conseguir garantir uma produção estável e preços competitivos, poderá finalmente quebrar o quase-monopólio da TSMC na produção dos processadores mais avançados do mundo. A corrida começou, e a Samsung partiu na frente.
O regresso em força do Exynos
Durante anos, os processadores Exynos da Samsung foram vistos como o “parente pobre” dos Snapdragon da Qualcomm, muitas vezes criticados por problemas de sobreaquecimento e por um desempenho inferior. A Samsung parece determinada a mudar essa narrativa de uma vez por todas com o Exynos 2600, o seu projeto de processador mais ambicioso até à data.
Este novo chip, que irá equipar a futura série Galaxy S26, é construído com a inovadora tecnologia de transístores Gate-All-Around (GAA) no processo de fabrico de 2nm da própria Samsung. Os primeiros testes de desempenho são, no mínimo, promissores. Fugas de informação recentes mostraram o Exynos 2600 a superar o A19 Pro da Apple em testes de performance multi-core, algo que, até há pouco tempo, seria impensável.
Para garantir que os fantasmas do passado não regressam, a Samsung equipou o novo processador com uma tecnologia de arrefecimento chamada “Heat Pass Block”, desenhada especificamente para resolver os problemas de sobreaquecimento que mancharam a reputação dos seus antecessores. O regresso do Exynos aos topos de gama da Samsung, após uma ausência notada na série S25, é um sinal claro da confiança que a marca deposita nesta nova geração.

Uma janela de oportunidade para desafiar a líder
A decisão da Samsung de acelerar a produção de 2nm não é um acaso. A sua principal concorrente no fabrico de processadores, a taiwanesa TSMC, só deverá iniciar a sua produção em massa de 2nm no último trimestre de 2025. Isto dá à Samsung uma preciosa janela de oportunidade de vários meses para demonstrar ao mercado que a sua tecnologia é não só viável, mas também fiável.
Esta vantagem temporal é crucial, não apenas para os seus próprios produtos, mas para o seu negócio de fundição (foundry), que produz processadores para outras empresas. A Samsung já está em fases finais de testes com GPUs da NVIDIA e processadores da Qualcomm fabricados no seu novo processo de 2nm. O objetivo é claro: provar a estes gigantes, que atualmente dependem quase exclusivamente da TSMC, que existe uma alternativa credível e, potencialmente, mais vantajosa.
Numa altura em que a procura por capacidade de fabrico de ponta é maior do que nunca, ter uma alternativa viável à TSMC é algo que toda a indústria deseja. A Samsung está a posicionar-se para ser essa alternativa, e o sucesso do Exynos 2600 será o seu maior trunfo.
A batalha dos preços e da eficiência
Claro que, nesta indústria, a tecnologia de ponta não chega para garantir o sucesso. Dois fatores serão decisivos para o futuro da aposta da Samsung: a eficiência da produção (os “yields”) e o preço. E, também aqui, as notícias são animadoras.
Os relatórios indicam que a Samsung conseguiu melhorar drasticamente a taxa de sucesso da sua produção de 2nm, passando de uns iniciais 30% para mais de 50%, um valor que torna a produção em massa comercialmente viável. Com a TSMC a cobrar cerca de 30.000 dólares por cada “wafer” (a placa de silício onde os processadores são impressos) de 2nm, a Samsung tem uma oportunidade de ouro para ser mais competitiva no preço.
Se a marca sul-coreana conseguir, ao mesmo tempo, provar que o seu Exynos está de volta ao topo do desempenho e oferecer os seus serviços de fundição a um preço mais atrativo do que a TSMC, poderá estar perante a oportunidade de uma geração. A corrida pelos 2 nanómetros está ao rubro, e pela primeira vez em muito tempo, parece que vamos ter uma competição a sério. E isso, para os consumidores, é sempre uma excelente notícia.
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