A Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido emitiu esta sexta-feira uma ordem direta à Google para que afrouxe o seu domínio sobre o mercado de pesquisa móvel. A decisão do regulador visa introduzir mais concorrência através de um “ecrã de escolha” obrigatório nos smartphones, atacando os acordos comerciais que tornam a Google o motor de busca predefinido na maioria dos dispositivos.
Em resposta, a Google argumenta que estas medidas são desnecessárias e podem prejudicar a experiência do utilizador. A empresa defende que o seu sucesso se baseia na qualidade do seu produto e que os utilizadores já têm a liberdade de escolher alternativas de forma simples e direta.

O ‘ecrã de escolha’ obrigatório imposto pela CMA
A investigação da CMA concluiu que a Google detém mais de 90% do mercado de pesquisa no Reino Unido, uma posição cimentada por acordos financeiros, nomeadamente com a Apple.
Para o regulador, esta prática limita a inovação e a escolha do consumidor. Como solução, a CMA ordenou a implementação de um ecrã de escolha (choice screen) que será apresentado aos utilizadores ao configurarem um novo dispositivo, permitindo-lhes selecionar ativamente o seu motor de busca predefinido.
A resposta da Google: uma solução para um problema inexistente?
A Google contesta a decisão, afirmando que ela “resolve um problema que não existe”. Num artigo publicado no seu blog oficial, Matt Brittin, Presidente da Google para a EMEA, defende que os utilizadores escolhem a Google pela sua utilidade e não por falta de alternativas. A empresa apresenta os seguintes contra-argumentos:
- A escolha já é fácil: A Google afirma que mudar o motor de busca predefinido num iPhone “leva apenas alguns segundos” e que milhões de utilizadores o fazem todos os anos.
- A concorrência está a um clique: A empresa sublinha que outras aplicações, como o TikTok, o X (anteriormente Twitter) e o Instagram, são concorrentes diretos na forma como as pessoas descobrem informação online.
- Risco de menor qualidade e segurança: A Google alerta que forçar a apresentação de outros motores de busca pode levar os utilizadores a escolherem “alternativas de menor qualidade e menos seguras”, que não investem tanto em segurança contra malware e spam.
Matt Brittin conclui que “a concorrência saudável impulsiona a inovação“, mas que as medidas da CMA podem, na verdade, “proteger os concorrentes em detrimento dos consumidores“.
O impacto da decisão e os próximos passos
A decisão da CMA coloca dois modelos em confronto: de um lado, a visão do regulador, que acredita que os acordos comerciais criam uma inércia que impede a concorrência justa. Do outro, a visão da Google, que defende que a sua popularidade é um reflexo direto da preferência do consumidor num mercado aberto.
Para os utilizadores, a implementação do “ecrã de escolha” significará uma maior visibilidade de motores de busca alternativos. Para os concorrentes, como o DuckDuckGo ou o Bing, representa uma oportunidade significativa para ganhar quota de mercado. Os próximos meses serão cruciais para observar como a Google irá implementar as ordens do regulador e se estas terão o efeito desejado pela CMA.
Conclusão
A ordem da CMA do Reino Unido é um dos mais significativos desafios regulatórios que a Google enfrenta na Europa, focando-se na causa do seu domínio em vez de apenas nas suas consequências. Ao incluir a forte oposição da Google, o debate torna-se mais complexo: trata-se de uma intervenção necessária para restaurar a concorrência ou de uma regulação excessiva que pode prejudicar a experiência do utilizador? A resposta a esta pergunta irá moldar o futuro da pesquisa móvel no Reino Unido e, possivelmente, noutras geografias.
Em Resumo
- Decisão: A CMA do Reino Unido ordenou um “ecrã de escolha” para limitar o domínio da Google na pesquisa móvel.
- Posição da Google: A empresa contesta, afirmando que a escolha já é fácil e que a medida pode levar a opções de menor qualidade e segurança.
- Problema Central: O acordo financeiro que torna a Google o motor de busca padrão no Safari da Apple.
- Objetivo Final: Aumentar a concorrência e o poder de escolha dos consumidores britânicos.
Perguntas Frequentes – FAQ
O que a CMA ordenou à Google?
A CMA (Competition and Markets Authority) ordenou a implementação de um “ecrã de escolha” em smartphones no Reino Unido, para que os utilizadores possam selecionar facilmente o seu motor de busca predefinido.
Qual é a posição da Google sobre esta medida?
A Google opõe-se à decisão, argumentando que os utilizadores já têm liberdade de escolha e que a medida é desnecessária. A empresa alerta que pode levar os consumidores a usarem serviços de menor qualidade e menos seguros.
Quando é que estas mudanças vão entrar em vigor?
A CMA estabeleceu um período para a Google apresentar o seu plano de implementação. Normalmente, estes processos podem levar vários meses até que as mudanças sejam visíveis para todos os utilizadores através de atualizações de software.
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