O Ecrã Sempre Ligado (Always-on Display ou AOD) é uma daquelas funcionalidades que, uma vez que te habituas, é difícil viver sem. A conveniência de poderes ver as horas, a data e as tuas notificações mais importantes num relance, sem teres de tocar ou levantar o teu smartphone, é inegável. Nos smartphones Pixel da Google, no entanto, esta conveniência sempre veio com um senão: opções de controlo mínimas e um potencial dreno na bateria. Até agora, a tua escolha era essencialmente binária: ou tinhas o AOD sempre ativo, ou não o tinhas de todo.
Essa realidade pode estar prestes a mudar. Novas pistas, descobertas nas profundezas do código da versão mais experimental do Android, sugerem que a Google está a trabalhar numa funcionalidade há muito pedida: um modo inteligente que desliga automaticamente o Ecrã Sempre Ligado após um período de inatividade, poupando bateria quando realmente não precisas dele.
As limitações atuais do AOD nos Pixel
Se tens um smartphone Pixel, sabes que as opções para gerir o AOD são escassas. Podes ligá-lo ou desligá-lo. Nos modelos mais recentes, como o Pixel 10, tens a opção adicional de mostrar (ou não) o teu papel de parede do ecrã de bloqueio quando o AOD está ativo. E é basicamente isso.
É verdade que o sistema já tem alguma inteligência “escondida”. O AOD desliga-se automaticamente quando colocas o smartphone virado para baixo numa superfície ou quando ativas o Modo de Descanso (Bedtime mode). São gestos úteis, mas limitados. O que falta é a opção mais óbvia e talvez a mais útil de todas: a capacidade de o ecrã se desligar sozinho se o smartphone estiver pousado na mesa e tu não interagires com ele durante algum tempo.
A inspiração na concorrência (finalmente!)
Esta ideia não é, de todo, revolucionária. A Samsung, por exemplo, já oferece uma opção semelhante nos seus smartphones Galaxy há vários anos. A sua implementação permite que o Ecrã Sempre Ligado se apague após um período de inatividade definido pelo utilizador, voltando a ativar-se assim que pegas no smartphone ou recebes uma notificação importante.
É uma solução de senso comum, que oferece o melhor de dois mundos: tens a conveniência do AOD quando precisas dele, mas evitas o consumo desnecessário de bateria quando o smartphone está simplesmente pousado e esquecido. Para além de poupar energia, esta abordagem tem ainda a vantagem de reduzir o risco de burn-in (a retenção de imagens fantasma no ecrã OLED) e de aumentar a longevidade do painel.

As pistas no código: o que foi encontrado?
A descoberta, feita pelo site Android Authority, surgiu na mais recente compilação “Canary” do Android. As versões Canary são o primeiro e mais instável canal de desenvolvimento do sistema operativo, onde a Google testa ideias e funcionalidades muito antes de chegarem sequer à versão beta.
Escondidas no código, foram encontradas referências a uma nova funcionalidade com a descrição: “desliga o ecrã quando nenhuma atividade do utilizador é detetada para poupar energia”. É a descrição exata da funcionalidade que os utilizadores de Pixel têm vindo a pedir.
Porque é que isto é especialmente importante para os Pixel?
A autonomia da bateria tem sido, historicamente, o “calcanhar de Aquiles” de muitos smartphones Pixel. Embora os modelos mais recentes, como o Pixel 10 Pro XL, tenham trazido melhorias significativas (com processadores mais eficientes e baterias maiores), a sua autonomia continua a ser descrita como “respeitável”, mas raramente como líder de mercado.
Neste contexto, qualquer funcionalidade que prometa poupar bateria, por mais pequena que seja, é recebida de braços abertos pela comunidade Pixel. Um Ecrã Sempre Ligado que só está realmente “sempre ligado” quando é útil pode fazer uma diferença notável na percentagem de bateria que te resta ao final do dia.
Calma: o longo caminho do “Canary” até ti
É crucial, no entanto, moderar o entusiasmo. O facto de esta funcionalidade ter sido encontrada numa versão Canary do Android está longe de ser uma garantia de que ela chegará aos nossos smartphones. O canal Canary é um autêntico laboratório de experiências. Muitas das funcionalidades que lá aparecem são descartadas ou radicalmente alteradas antes de chegarem a uma versão estável.
Mesmo que a Google decida avançar com a ideia, podem passar muitos meses até que ela seja implementada numa versão beta e, eventualmente, numa atualização final. Além disso, existe sempre a possibilidade de a funcionalidade ser reservada apenas para os modelos Pixel mais recentes, como uma forma de incentivar a compra de novo hardware.
Ainda assim, esta descoberta é um sinal promissor. Mostra que a Google está ciente de uma das limitações do seu Ecrã Sempre Ligado e que está, pelo menos, a explorar ativamente uma solução mais inteligente e eficiente. Para os utilizadores de Pixel que adoram a conveniência do AOD, mas odeiam o seu impacto na bateria, resta esperar e torcer para que este “modo sesta” consiga sobreviver ao longo processo de desenvolvimento.
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