Algo de estranho se está a passar nos bastidores da moderação de conteúdo do YouTube. A plataforma de vídeo da Google, que já havia gerado controvérsia recentemente ao remover vídeos de instalação do Windows com a justificação bizarra de que representavam “perigo de morte”, volta a estar debaixo de fogo por encerrar, de forma aparentemente injustificada, um canal de tecnologia bem conhecido: o canal Enderman.
O caso do Enderman, e o de outro criador que relata uma experiência idêntica, levanta sérias questões sobre a fiabilidade dos sistemas de moderação automatizados do YouTube e a falta de transparência nas decisões que afetam a vida e o trabalho de milhares de criadores de conteúdo.
A justificação misteriosa: o “canal japonês” fantasma
No caso do canal Enderman, que se dedicava a vídeos de tecnologia, a justificação oficial para o encerramento foi insólita: a plataforma alegou que o canal estava “associado a outro canal que foi terminado”.
O criador do Enderman, no entanto, afirma nunca ter ouvido falar desse alegado canal associado, que, para adensar o mistério, tem um nome em japonês. A coincidência bizarra torna-se ainda mais perturbadora pelo facto de outro YouTuber ter vindo a público relatar que o seu canal também foi encerrado com a mesma explicação exata, referindo o mesmo canal japonês que nunca viram antes.
Isto sugere que a decisão não foi tomada por um moderador humano que analisou os conteúdos do canal Enderman (que seriam, à partida, inofensivos), mas sim por um algoritmo de moderação de IA que, ao identificar uma ligação incorreta ou um padrão falso, disparou uma penalização automática, resultando no encerramento da conta.

A frustração do criador: o apelo automatizado
O sistema de apelo do YouTube, que deveria servir como um baluarte contra os erros dos robôs, é, no entanto, frequentemente criticado por não surtir qualquer efeito. O recurso apresentado pelo criador do Enderman parece ter recebido apenas uma resposta automatizada que se limita a confirmar a decisão original, sem qualquer análise humana percetível do caso.
Para um criador que dedicou anos da sua vida a construir uma comunidade e a produzir conteúdo, esta injustiça é duplamente devastadora. Por um lado, perdeu todo o seu trabalho. Por outro, é confrontado com uma parede burocrática, incapaz de falar com uma pessoa real que possa reverter o erro da máquina.
O precedente perigoso e os pequenos canais
O caso Enderman, a par dos vídeos removidos do canal CyberCPU Tech com a insólita justificação de “perigo de morte” (que também apontava para um erro de moderação de IA), demonstra que o YouTube está a lidar com problemas sérios na sua moderação.
Isto levanta um precedente perigoso para toda a comunidade. Se os canais de maior dimensão, que têm visibilidade suficiente para pressionar a plataforma publicamente, já têm dificuldade em resolver estes erros, o que acontece aos criadores mais pequenos e de nicho, cujas contas podem ser sumariamente terminadas sem que ninguém se aperceba ou reclame? O risco de que a sua voz seja permanentemente silenciada por um erro de software é muito real.
A esperança da comunidade é que a situação seja rapidamente esclarecida e que a Google consiga resolver este aparente problema na sua inteligência artificial de moderação. No entanto, mesmo que o canal Enderman seja reposto, a confiança dos YouTubers num sistema que pode, a qualquer momento, apagar anos do seu trabalho com base numa justificação vaga ou num “canal fantasma”, já está irremediavelmente abalada.
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