A Xiaomi, a terceira maior fabricante de smartphones do mundo, assinou silenciosamente um acordo que promete reacender a velha polémica do bloatware. A partir de 2026, a empresa começará a enviar os seus novos telemóveis com uma carteira de criptomoedas e uma aplicação de descoberta pré-instaladas, fruto de uma parceria global com a Sei Labs.
O objetivo declarado é “impulsionar a tecnologia blockchain para mais pessoas”, mas para o utilizador comum, isto significa encontrar mais uma aplicação no telemóvel que nunca pediu e que provavelmente não tenciona usar.
O que é a app da Sei e quem vai recebê-la?
A aplicação está ligada à Sei, uma blockchain de Camada 1 (Layer 1) desenhada especificamente para a negociação de ativos digitais. A app funcionará como uma carteira de criptomoedas e um portal para serviços Web3, permitindo pagamentos entre pares e interação com aplicações descentralizadas.
A escala desta implementação é massiva. A aplicação virá pré-instalada em todos os novos telefones Xiaomi vendidos fora da China continental e dos Estados Unidos. Dado que a Xiaomi detém mais de 13% da quota de mercado global (com cerca de 160 milhões de dispositivos), e domina mercados como a Grécia (37%) e a Índia (24%), estamos a falar de milhões de utilizadores expostos a esta tecnologia por decreto.

Comprar telemóveis com ‘stablecoins’ nas lojas
A parceria não se fica pelo software. A Sei Labs tem planos ambiciosos para integrar o mundo físico e digital. A empresa pretende ativar pagamentos com ‘stablecoins’ (como o USDC) nas mais de 20.000 lojas de retalho da Xiaomi.
Este projeto-piloto deverá começar em Hong Kong e em partes da União Europeia, permitindo que os clientes comprem os seus novos gadgets Xiaomi usando criptomoedas, com as transações a serem liquidadas na blockchain da Sei.
Um passo atrás na transparência?
Para os entusiastas de cripto, isto pode parecer uma adoção em massa bem-vinda. No entanto, para o consumidor geral, é apenas mais bloatware.
A Xiaomi tem feito esforços nos últimos anos para limpar a sua interface (MIUI/HyperOS) e torná-la mais leve e transparente. Forçar a instalação de uma app de nicho financeiro em milhões de dispositivos, sem o consentimento prévio do utilizador, soa a um retrocesso estratégico. Instalar software que a maioria das pessoas não entende ou não quer usar é uma receita arriscada para a experiência do utilizador.
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