O ano de 2026 marcará uma mudança estrutural no setor de podcast em Portugal. Segundo a análise prospetiva da Escola Portuguesa de Podcasting, o mercado nacional prepara-se para abandonar a fase do experimentalismo impulsivo para entrar num estágio de “maturidade estratégica”.
Liliana Marques, fundadora da instituição, antevê um cenário de maior clareza e menor ruído, onde a dependência de modas passageiras dá lugar à intencionalidade. Com base nesta visão, foram identificadas as seis tendências fundamentais que ditarão o sucesso dos formatos no próximo ano.

1. O vídeo como motor de distribuição
A integração do vídeo consolida-se, mas com uma nuance importante: não surge para substituir o áudio, mas para potenciar a sua descoberta. A tendência aponta para o uso de clips curtos e formatos visuais adaptados às redes sociais como a principal porta de entrada para novos ouvintes. O vídeo capta a atenção no feed, encaminhando a audiência para o consumo do conteúdo integral em áudio.
2. A ascensão dos podcasts internos
O tecido empresarial português começa a adotar massivamente o áudio como ferramenta de comunicação interna. Longe do entretenimento, estes podcasts corporativos visam a proximidade e o alinhamento de equipas. As empresas estão a substituir comunicações estáticas por formatos que transmitem a cultura organizacional e informação crítica de forma integrada na rotina diária dos colaboradores e em comunidades fechadas.
3. A profundidade como ativo diferenciador
Após um ciclo dominado por conteúdos rápidos e superficiais, o mercado denota saturação. Em 2026, o podcast reafirma-se como um espaço de reflexão e densidade. A autoridade dos criadores e das marcas construir-se-á menos pela frequência de publicação e mais pela substância dos temas, com o público a valorizar histórias reais e a evolução narrativa em detrimento do consumo imediato.
4. Profissionalização obrigatória
A era do “amadorismo estratégico” chega ao fim. A ideia de que qualquer execução serve perde validade. Embora não se exija uma produção técnica de estúdio televisivo, a consistência torna-se inegociável. A periodicidade, a coerência narrativa e a presença regular nas plataformas deixam de ser opcionais para se tornarem critérios mínimos de sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo.
5. Repetição com intenção vs. novidade constante
Uma mudança significativa de paradigma é a valorização da repetição estratégica. Em vez da busca incessante por temas novos para alimentar o algoritmo, os criadores relevantes focar-se-ão em reforçar mensagens-chave sob diferentes ângulos. O mercado nacional demonstra que a confiança se gera através da consistência de identidade e clareza da mensagem, enquanto a dispersão temática tende a afastar a audiência.
6. IA: apoio operacional, não substituição
A Inteligência Artificial manterá uma presença forte, mas o seu papel ficará delimitado aos bastidores. A tendência dita o uso de IA para automatização de processos, transcrição e organização de conteúdos. Em contrapartida, as soluções que tentam replicar ou substituir a voz humana enfrentarão resistência. A autenticidade e a conexão humana permanecem como os pilares centrais da confiança no formato, rejeitando a artificialidade na locução.
Sobre Liliana Marques
Liliana Marques é a fundadora e CEO da Escola Portuguesa de Podcasting. Especialista na criação de formatos de podcast orientados para o segmento de negócios, conta no seu portefólio com a orientação de mais de 200 projetos a nível nacional e internacional. É autora do livro “Falas para o mundo? Tudo o que precisas para planear o teu podcast de negócio” e atua como formadora em entidades de referência como a Renascença Digital Academy e a Academia APAN (Associação Portuguesa de Anunciantes).
Sobre a Escola Portuguesa de Podcasting
Fundada em outubro de 2022, a Escola Portuguesa de Podcasting posiciona-se como um centro de formação especializado no setor. Com uma metodologia focada na componente prática e acompanhamento personalizado, a instituição já formou mais de uma centena de alunos e apoiou o lançamento de 200 podcasts em Portugal, nos PALOP e na diáspora. Além da vertente formativa, a entidade funciona como produtora de conteúdos, oferecendo serviços 360º que vão desde a conceção da ideia até à captação e divulgação. Mais informações em: escolaportuguesadepodcasting.com
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