Anne Hidalgo, a presidente da Câmara Municipal de Paris, anunciou esta segunda-feira que vai abandonar o X, a rede social que antes se chamava Twitter.
Numa longa publicação intitulada “Por que razão deixo o Twitter”, Hidalgo argumenta que o X se tornou numa “arma de destruição maciça das nossas democracias”, e que é dominada pela controvérsia, pelos rumores e pela manipulação grosseira.
Hidalgo acusa o dono do X, o bilionário da tecnologia Elon Musk, de exacerbar intencionalmente as tensões e os conflitos na plataforma, e de ser conivente com mensagens antissemitas, especialmente durante a guerra de Israel com o grupo militante Hamas, no mês passado. Hidalgo diz que o X é um “gigantesco esgoto global” e questiona se vale a pena continuar a participar nele.
Anne Hidalgo: “arma de destruição das nossas democracias”
“Este meio de comunicação tornou-se num gigantesco esgoto global, e devemos continuar a entrar nele? Com os seus milhares de contas anónimas e as suas quintas de trolls, a vida no X é exatamente o oposto da vida democrática”, escreveu Hidalgo.
No longo post, a presidente da Câmara de Paris lembra; “Para não falar da ingerência estrangeira quotidiana que interfere nos processos eleitorais e mina a imagem e a soberania das nossas democracias, procurando desestabilizá-las. Hoje, as polémicas, os boatos e as manipulações grosseiras ditam o debate público, impulsionado pelo algoritmo do Twitter, onde a única coisa que conta é o número de “gostos”. Os factos não interessam.”
Anne Hidalgo sublinha que o X já nada tem a ver com os primeiros tempos do Twitter: “Longe de ser a ferramenta revolucionária que inicialmente permitia o acesso à informação ao maior número possível de pessoas, o Twitter tornou-se, nos últimos anos, uma arma de destruição maciça das nossas democracias”, sublinha.
O X tem sido alvo de escrutínio e de reação dos anunciantes.
O X tem enfrentado um novo escrutínio desde que Musk comprou a plataforma no ano passado e fez várias alterações controversas, incluindo a flexibilização de algumas das suas políticas de moderação de conteúdos, que os críticos dizem ter aumentado rapidamente a propagação de discursos de ódio e desinformação.
No início do mês, o próprio Musk foi alvo de reações negativas depois de ter apoiado uma teoria da conspiração antissemita que sugeria que o antissemitismo era perpetrado por minorias e que a culpa era dos judeus.
A controvérsia voltou a surgir dias depois, quando um relatório da organização liberal Media Matters for America afirmou ter encontrado anúncios de empresas como a Apple, a Bravo, a Oracle, a Xfinity e a IBM colocados ao lado de mensagens que celebravam Adolf Hitler e o Partido Nazi na plataforma. Como resultado, várias empresas suspenderam os seus gastos com publicidade.
Musk está a processar a Media Matters em resposta, chamando ao relatório um “ataque fraudulento”.
Anne Hildago decidiu agora deixar o X, expondo os argumentos que a levaram a tomar a decisão num longo post. O gabinete da presidente da Câmara de Paris disse que a decisão de deixar o X não foi uma resposta às recentes controvérsias da plataforma, mas sim uma escolha feita ao longo do tempo, informou a The Associated Press.
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