O controle e o monitoramento de ameaças cibernéticas nas organizações ganham eficiência com o uso da tecnologia.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países mais impactados por crimes cibernéticos na América Latina, atrás apenas do México, segundo pesquisa realizada pela empresa de segurança Fortinet. Em 2022, foram mais de 103 bilhões de tentativas de ataques de malware, uma média de 1.554 por minuto. Os números trazem um alerta sobre a importância da cibersegurança para a proteção de dados de pessoas físicas e jurídicas no país.
O compliance tem-se mostrado um aliado para frear o avanço de ameaças digitais capazes de levar à exposição de dados ou informações sensíveis de empresas atuantes nos mais diversos segmentos.
Pesquisa da Check Point Research (CPR) apontou que a média global de ataques cibernéticos contra organizações teve um crescimento de 7% no primeiro trimestre de 2023, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. O Brasil, apesar de ser um alvo constante dos hackers, praticamente manteve o número de organizações atacadas semanalmente: 1.593.
A advogada especialista em Compliance, Governança e Direito Digital, Maria Heloísa Chiaverini de Melo, defendeu, em entrevista sobre o assunto, que um dos grandes desafios das empresas brasileiras é reconhecer a cibersegurança e as conformidades com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não apenas como requisitos legais, mas como pilares essenciais para a construção de um modelo de negócios sustentável e responsável.
Segundo ela, ao fazerem isso, as empresas não só protegem seus ativos e clientes, mas também fortalecem sua posição no mercado como líderes em responsabilidade corporativa e inovação ética.
Para trilhar esse caminho, as empresas devem priorizar a governança corporativa e o compliance como pilares da cultura organizacional. O trabalho de compliance digital tem atuação direta na prevenção contra vulnerabilidades de segurança, além de mitigar riscos que possam representar ameaças para as empresas.
Uso da IA no compliance digital
A Inteligência Artificial (IA) representou uma revolução para a atuação do compliance digital ao garantir ações cada vez mais rápidas e eficazes no combate aos crimes de natureza cibernética.
A integração da IA com práticas de conformidade tem levado a uma série de vantagens para o gerenciamento de riscos que ameaçam as organizações. Uma delas é a possibilidade de analisar grandes volumes de dados. A tecnologia consegue identificar, quase que instantaneamente, diferentes tipos de anomalias geradoras de violações.
Além de identificar, a IA também possibilita a avaliação e a mitigação dos riscos relacionados à atividade digital das empresas, como os relacionados à segurança cibernética, conformidade regulatória e reputação da marca.
Os algoritmos de aprendizado de máquina são capazes de detectar tentativas de invasão, incluindo malwares e phishing. Também conseguem examinar as métricas relevantes para identificar pontos frágeis que podem ser explorados por invasores.
Outra vantagem da IA para o compliance digital é notar os padrões suspeitos de comportamento, possibilitando ações rápidas para coibir crimes financeiros e fraudes.
Em artigo sobre o assunto, os advogados Henrique Checchia Maciel e Manuela Loeser citam que tecnologias como a IA, em conjunto com o compliance digital, oportunizam um combate mais efetivo aos riscos que rondam os negócios, como a atuação contra o cibercrime e o vazamento de dados.
Os especialistas destacam que criar equipes de compliance com um olhar mais atento aos avanços tecnológicos é uma medida básica a ser adotada nos dias de hoje.
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