A LaLiga anunciou recentemente o desmantelamento de um popular serviço IPTV ilegal, o DuckVision, numa ação que visa combater a pirataria no futebol espanhol. Esta medida afetou mais de 200.000 utilizadores só em Espanha, que usavam a aplicação para aceder a transmissões não autorizadas de jogos de futebol em direto.
O DuckVision era uma aplicação móvel que, em conjunto com o reprodutor Ace Stream, permitia aos utilizadores aceder a conteúdos protegidos por direitos de autor, incluindo jogos de futebol em direto. A aplicação contava também com um site onde eram disponibilizados links para as transmissões.
Os utilizadores eram notificados sobre as transmissões e recebiam instruções através de um grupo no Telegram, que contava com cerca de 13.800 membros.

Ação coordenada da LaLiga contra a IPTV Pirata
Segundo um comunicado oficial, uma equipa especializada da LaLiga foi responsável por desativar o serviço em Espanha. A ação foi estrategicamente planeada para ocorrer pouco antes do derby entre o Atlético de Madrid e o Real Madrid, um dos jogos mais aguardados da temporada.
A LaLiga afirma que irá apresentar todas as provas recolhidas às autoridades policiais e judiciais para serem tomadas medidas contra os responsáveis pelo DuckVision.
O bloqueio não se limitou apenas ao DuckVision. Utilizadores da Movistar, uma das principais operadoras de telecomunicações em Espanha, relataram dificuldades de acesso a vários domínios alojados na Cloudflare, uma empresa que fornece serviços de segurança e desempenho para websites.
A LaLiga criticou duramente a Cloudflare, acusando-a de “proteger organizações criminosas intencionalmente com o objetivo de obter lucro”.
Implicações para a privacidade dos utilizadores
Esta ação levanta questões importantes sobre a privacidade dos utilizadores. Um recente mandado judicial concede à LaLiga permissão para monitorizar qualquer utilizador que use o protocolo Ace Stream para reproduzir conteúdos não autorizados. Isto significa que a LaLiga poderá potencialmente identificar utilizadores finais através de dados fornecidos pelas operadoras, incluindo nome, morada, endereço IP e número de telefone.
Javier Tebas, presidente da LaLiga, já tinha advertido que as ações da organização poderiam afetar utilizadores finais, sugerindo a possibilidade de cartas com pedidos de conciliação prévia serem enviadas para as moradas dos infratores.
Preocupações legais e éticas
Javier Prenafreta, advogado especialista em direito digital, expressou preocupações sobre esta abordagem, argumentando que pode constituir uma violação da privacidade e segurança dos utilizadores. A forma como esta informação está a ser obtida é questionável do ponto de vista legal e ético.
O futuro da luta contra a pirataria
A LaLiga já anunciou que planeia tomar medidas semelhantes contra outras plataformas e websites que ofereçam transmissões não autorizadas de conteúdos em direto nos próximos dias. Esta ação contra o DuckVision parece ser apenas o início de uma campanha mais ampla contra a pirataria no futebol espanhol.
Esta situação coloca em evidência o delicado equilíbrio entre a proteção dos direitos de autor e a privacidade dos utilizadores na era digital. À medida que a tecnologia evolui, é provável que vejamos mais casos semelhantes, levantando questões importantes sobre os limites legais e éticos na luta contra a pirataria online.
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