A Bluesky lançou uma atualização que triplica o limite de duração de vídeos para três minutos, numa jogada estratégica após o X (antigo Twitter) sofrer um ciberataque global que deixou a plataforma offline durante horas. A versão 1.99 da app, anunciada esta terça-feira, inclui melhorias em mensagens diretas, moderação e experiência em tablets.
A mudança chega num momento crítico: enquanto o X enfrenta críticas pela gestão de Elon Musk e falhas de segurança, a Bluesky tenta captar utilizadores descontentes. “Queremos tornar a Internet menos tóxica e mais divertida”, descreve a equipa de desenvolvimento num post oficial.
O que traz a nova atualização?
Além da extensão do tempo de vídeo — pedido frequente da comunidade —, a Bluesky reestruturou o sistema de mensagens privadas:
- Nova caixa “Pedidos de Chat” separa mensagens de desconhecidos da caixa principal
- Opção de silenciar contas diretamente a partir de publicações, sem visitar perfis
- Melhorias no fluxo de denúncia de conteúdo impróprio e resolução de erros no registo
Para utilizadores de tablets, a atualização otimiza o layout em navegadores web, corrigindo problemas de escala e organização de elementos.

Guerra de funcionalidades aquece mercado das redes sociais
A jogada da Bluesky explora a vulnerabilidade exposta pelo ataque ao X na segunda-feira. Segundo a TechRadar, milhares de perfis migraram para a plataforma concorrente durante a indisponibilidade, aproveitando a semelhança na interface e políticas de moderação mais rígidas.
Apesar da diferença no número de utilizadores (o X tem 450 milhões ativos mensais contra 12 milhões da Bluesky), a rede emergente ganhou 580.000 novos membros apenas em fevereiro, segundo dados internos. A capacidade de publicar vídeos mais longos — agora equiparável à do Instagram Reels — pode atrair criadores de conteúdo audiovisual em busca de alternativas estáveis.
Um desafio à gestão controversa de Musk
Especialistas apontam três fatores que beneficiam a Bluesky neste momento:
- Ausência de anúncios intrusivos e algoritmos baseados em engajamento tóxico
- Sistema de feeds personalizáveis que evitam sobrecarga de informação
- Transparência nas políticas de moderação, com recurso a blocklists comunitárias
A introdução de vídeos estendidos responde ainda a críticas de influencers que consideravam o limite de um minuto insuficiente para tutoriais ou análises técnicas. Para utilizadores comuns, a mudança permite partilhar momentos do quotidiano sem cortes abruptos.
Privacidade no centro da reinvenção digital
A nova caixa de “Pedidos de Chat” reflete a prioridade da Bluesky em dar controle aos utilizadores. Mensagens de perfis não verificados ficam retidas num espaço separado, onde podes aprová-las ou excluí-las sem pressionar a caixa principal. A funcionalidade visa reduzir spam e assédio digital — problemas crónicos no X após os cortes na equipa de moderação em 2023.
Para quem considera migrar, a Bluesky oferece ferramentas de importação de contactos e sincronização de publicações cross-platform. Ainda assim, desafios persistem: a rede não permite encriptação de DMs como o WhatsApp, e a verificação de identidade mantém-se limitada a convites.
Enquanto o X se prepara para mais uma batalha judicial sobre privacidade de dados, a Bluesky capitaliza a crise com melhorias tangíveis. Resta saber se a estratégia será suficiente para converter a curiosidade momentânea em crescimento sustentado.
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