O Reino Unido está a viver um verdadeiro turbilhão digital após a entrada em vigor, a 25 de julho de 2025, da nova Lei de Segurança Online. Esta legislação obriga à verificação de idade em websites e plataformas com conteúdos para adultos, com o objetivo declarado de proteger os menores. No entanto, o impacto imediato foi uma explosão na procura de serviços de VPN, numa tentativa dos utilizadores de contornar as novas regras e proteger a sua privacidade.
A nova lei não se limita a sites sediados em solo britânico. Gigantes internacionais como o Pornhub, assim como aplicações de encontros como o Tinder e o Hinge, também estão abrangidos. A Ofcom, reguladora das comunicações, é a entidade responsável pela fiscalização e pode aplicar coimas que chegam aos 10% do volume de negócios global das empresas que não cumpram as normas. Esquece a facilidade de, até agora, bastar um clique numa caixa para confirmar a maioridade — o processo ficou muito mais rigoroso.
Para cumprirem a legislação, as plataformas passaram a exigir métodos de verificação de idade considerados “fortes” e “altamente eficazes” pela Ofcom. Não existe uma tecnologia única obrigatória, mas já se veem pedidos de envio de dados de cartão de crédito, documentos oficiais de identificação ou até recurso a tecnologias de estimativa de idade facial. Este novo cenário levantou de imediato preocupações, tanto junto dos utilizadores como de defensores da privacidade, devido à quantidade de dados pessoais sensíveis agora exigidos para aceder a determinados conteúdos online.

Utilizadores recorrem em massa a VPNs para escapar à verificação
Com a entrada em vigor da lei, muitos procuraram alternativas para manter o anonimato e evitar partilhar dados sensíveis. A solução mais popular foi o recurso a VPNs (Redes Privadas Virtuais), que permitem mascarar o endereço de IP e simular o acesso a partir de fora do Reino Unido, iludindo assim os sistemas de verificação.
O efeito foi imediato: o Proton VPN registou um aumento de 1.400% nas novas adesões por hora no próprio dia em que a lei entrou em vigor. Este crescimento exponencial não só evidencia as fragilidades na aplicação da legislação, como reforça a preocupação dos utilizadores com a sua privacidade online. Além do Proton VPN, serviços como o Mullvad e o Windscribe também têm sido procurados como alternativas viáveis.
Debate sobre privacidade e eficácia da lei
A nova legislação britânica está a gerar um debate intenso sobre o equilíbrio entre a proteção dos menores e o respeito pela privacidade dos utilizadores adultos. Se, por um lado, o objetivo de dificultar o acesso de menores a conteúdos impróprios é consensual, por outro, a exigência de tanta informação sensível levanta dúvidas quanto à salvaguarda dos direitos digitais.
Resta agora perceber se a explosão no uso de VPNs irá obrigar as autoridades britânicas a rever a aplicação da lei ou se esta tendência se manterá, tornando ainda mais desafiante o controlo sobre o acesso a conteúdos online.
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