A Scale AI, uma empresa central no fornecimento de dados para treino de inteligência artificial, anunciou uma reestruturação que envolve o despedimento de 200 funcionários, o equivalente a 14% da sua equipa. A medida surge de forma inesperada, pouco depois de a Meta ter adquirido uma participação de 49% na companhia.
O negócio, avaliado em 14,3 mil milhões de dólares, levanta questões sobre a estratégia futura da empresa de São Francisco. A reestruturação inclui ainda a cessação de contratos com 500 trabalhadores externos a nível global e sinaliza uma mudança de foco no competitivo mercado da IA.

Porquê dispensar equipas após um investimento bilionário?
A justificação para os despedimentos aponta para uma correção de rota estratégica. Numa comunicação interna, o CEO interino, Jason Droege, explicou que a empresa precisa de resolver “ineficiências resultantes de uma expansão demasiado rápida” ao longo do último ano, particularmente na sua divisão de IA Generativa (GenAI).
Esta unidade, que gere projetos para clientes como o Grok da xAI e o Gemini da Google, cresceu a um ritmo que, segundo a empresa, se tornou insustentável face às atuais exigências do mercado. A reestruturação visa, portanto, refinar a estratégia operacional para focar em áreas de maior retorno, em vez de ser um sinal de dificuldades financeiras.
Qual a nova relação entre a Meta e a Scale AI?
O investimento da Meta na Scale AI é um movimento estratégico para reforçar a sua posição na corrida contra rivais como a OpenAI. Embora a Meta detenha agora quase metade da empresa, a sua participação não inclui direitos de voto, o que preserva a autonomia operacional da Scale AI.
A aliança provocou, no entanto, mudanças significativas na liderança. O fundador e antigo CEO da Scale AI, Alexandr Wang, transitou para o cargo de Chief AI Officer na Meta, embora se mantenha no conselho de administração da sua empresa de origem. Em paralelo, a Meta está a criar os Meta Superintelligence Labs, consolidando um novo ecossistema de desenvolvimento de IA.
O futuro da Scale AI e as suas implicações
Apesar da redução de pessoal na área de GenAI, a Scale AI afirma manter uma posição financeira sólida e projeta um futuro de crescimento noutros setores. A empresa planeia expandir a sua força de trabalho ainda este ano, com contratações focadas nas áreas empresarial e do setor público.
A sua relevância no mercado permanece intacta, como demonstra um contrato recente de vários milhões de dólares com o Departamento de Defesa dos EUA e a sua carteira de clientes, que inclui as maiores empresas de IA do mundo. A reestruturação parece, assim, ser menos uma crise e mais um realinhamento estratégico para uma nova fase de competição, focada na eficiência e em contratos de grande escala.
Conclusão
Os despedimentos na Scale AI, no rescaldo de um dos maiores investimentos do ano no setor, ilustram uma nova realidade no mundo da inteligência artificial. A era do crescimento a qualquer custo parece dar lugar a uma fase de maturação, onde a eficiência operacional e o foco estratégico são tão importantes quanto a injeção de capital. Esta manobra posiciona tanto a Scale AI como a Meta Platforms para os próximos desafios de um mercado em constante e rápida evolução.
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