O YU7 da Xiaomi está a conquistar destaque no mercado, mas também a gerar polémica devido à escolha de processadores considerados “comuns” para o sistema de infotainment do veículo.
A decisão de integrar o Snapdragon 8 Gen 3, originalmente desenhado para smartphones, tem sido alvo de críticas por parte de especialistas do sector automóvel, que levantam dúvidas quanto à fiabilidade e segurança desta opção.
Diferenças entre processadores de consumo e automóveis
A principal preocupação prende-se com o facto de os processadores utilizados em automóveis necessitarem de cumprir requisitos muito mais rigorosos do que aqueles aplicados aos dispositivos móveis.
Os sistemas automóveis operam sob condições extremas de temperatura, vibração e exigem uma durabilidade que pode ultrapassar uma década. Para garantir estes padrões, os processadores automóveis são certificados por normas como a AEC-Q100, ISO 26262 e IATF 16949.
Por outro lado, os processadores de consumo, como os aplicados em telemóveis, são desenhados para ambientes mais controlados e têm um ciclo de vida significativamente inferior, entre três a cinco anos. Além disso, a tolerância a falhas é muito maior: podem ser registados até 500 defeitos por milhão de unidades, enquanto nos automóveis o limite é inferior a um por milhão.

Resposta da Xiaomi e contexto do mercado
A Xiaomi ainda não confirmou se o Snapdragon 8 Gen 3 utilizado no YU7 passou por testes específicos para o sector automóvel. No entanto, a empresa garante que o módulo onde o processador está integrado foi submetido à certificação AEC-Q104, que avalia a fiabilidade de sistemas compostos por múltiplos chips.
Isto significa que, apesar do processador não ser, por si só, “automotive-grade”, o sistema no seu conjunto cumpre determinados critérios de qualidade para utilização em veículos.
Especialistas alertam que esta abordagem só é aceitável em módulos que não tenham impacto direto na segurança dos ocupantes. O debate sobre a utilização de componentes não certificados em automóveis não é novo e já envolveu marcas como a Tesla, que experimentou soluções semelhantes com resultados variados.
Riscos e preocupações a longo prazo
A decisão da Xiaomi pode representar uma tentativa de reduzir custos e acelerar a inovação, mas levanta questões sobre possíveis problemas de fiabilidade que só poderão ser detetados ao longo dos próximos anos.
Caso se verifique um aumento anormal de avarias, a reputação da marca poderá ser afetada, sobretudo num mercado onde a confiança e a segurança são fatores decisivos para os utilizadores.
Por enquanto, outras fabricantes continuam a preferir processadores especificamente desenvolvidos e certificados para o sector automóvel, mesmo que isso implique custos mais elevados.
A aposta da Xiaomi no YU7 é, sem dúvida, um caso a acompanhar de perto, pois poderá ditar tendências ou revelar limitações nesta fase de rápida evolução tecnológica no sector automóvel.
Outros artigos interessantes:










