Google Pixel 10 Pro XL nas lojas
Depois de passar algum tempo com o Google Pixel 10 Pro XL, fica claro que este não é apenas mais um smartphone no ciclo de lançamentos anuais. É a manifestação mais pura da filosofia “AI-first” (IA em primeiro lugar) da Google.
Ao segurá-lo, a sensação não é a de um hardware radicalmente novo, mas sim a de um recipiente refinado para uma inteligência computacional que visa redefinir a nossa interação com a tecnologia móvel.

A minha experiência com o dispositivo revela que a sua essência assenta em quatro pilares: o novo e crucial chip Tensor G5, fabricado pela TSMC no seu processo de 3 nm; uma câmara que continua a revelar bons resultados, graças à “magia” do software; um conjunto de funcionalidades de IA proativas e focadas na privacidade, impulsionadas pelo Gemini Nano; e uma identidade visual, sóbria e elegante, que o distingue claramente.
O Google Pixel 10 Pro XL não grita por atenção com um design extravagante; em vez disso, sussurra uma promessa de ser mais útil, mais contextual e, em última análise, mais inteligente.
Design e ecrã: um gigante familiar com um brilho excecional
Ao segurar o Google Pixel 10 Pro XL, a primeira impressão é de familiaridade. O design é similar ao do seu antecessor, o Pixel 9 Pro XL, arestas planas laterais de alumínio polido e a icónica barra de câmara em forma de pílula. Não houve uma grande reformulação de design, um sinal de que a Google atingiu uma maturidade no seu hardware, preferindo focar-se no que está por dentro.

Nas mãos, o dispositivo sente-se premium, mas inegavelmente grande e pesado. Com dimensões de 162.8 x 76.6 x 8.5 mm e um peso de 232 g, é um “gigante” construído com materiais de alta qualidade, como o vidro Corning Gorilla Glass Victus 2 na frente e atrás, e uma moldura de alumínio. O modelo Pro XL que estou a testar tem uma traseira de vidro mate que resiste bem a dedadas, contrastando com as laterais brilhantes.
A paleta de cores – Obsidiana , Jade, Pedra lunar e Porcelana – é sóbria e profissional, com tons “pouco saturados” que reforçam a sua estética elegante e, ouso dizer, sofisticada.




Mas é ao ligar o ecrã que o Pixel 10 Pro XL realmente brilha, literalmente. O painel LTPO OLED “Super Actua” de 6.8 polegadas é espetacular, com uma resolução nítida de 1344 x 2992 pixels e uma taxa de atualização adaptativa de 1Hz a 120Hz que torna tudo fluido.

A sua característica de destaque é o brilho. Atingindo um pico de 3,300 nits, este ecrã torna a utilização no exterior uma experiência sem esforço. Ao testar a câmara sob o sol forte, consegui enquadrar as minhas fotografias e ver todos os detalhes no ecrã sem qualquer dificuldade, algo que muitos outros telemóveis não conseguem fazer. Na minha opinião, este brilho não é um truque de marketing; é uma melhoria funcional que complementa perfeitamente o bom desempenho fotográfico do telemóvel.
Desempenho: o Tensor G5 e a prioridade na IA
O coração do Google Pixel 10 Pro XL é, sem dúvida, o seu novo processador, o Tensor G5. Na utilização diária, a sua especialização em inteligência artificial é evidente. Esta é a primeira vez que a Google recorre à TSMC para fabricar o seu chip, utilizando um processo avançado de 3 nm, e a mudança parece ter valido a pena.

O telemóvel mantém-se mais frio durante a utilização intensiva do que as gerações anteriores, um benefício claro do processo de fabrico mais eficiente da TSMC e do sistema de arrefecimento por câmara de vapor incorporado.
A arquitetura do Tensor G5 foi claramente concebida com um propósito: potenciar a IA no dispositivo. A Unidade de Processamento Tensorial (TPU), que é até 60% mais potente que a da geração anterior, é a verdadeira estrela. É esta TPU que permite que o modelo de linguagem Gemini Nano corra diretamente no telemóvel, o que torna funcionalidades como o Voice Translate e o Magic Cue rápidas e responsivas, sem depender de uma ligação à nuvem.
No que diz respeito ao desempenho geral, a CPU de oito núcleos oferece uma melhoria, segundo a Google, de 34% em relação ao G4, o que se traduz numa experiência fluida em multitarefa e na navegação diária. No entanto, este não é um telemóvel construído para quebrar recordes em benchmarks de jogos. Embora um teste GFXBench tenha mostrado um salto impressionante para 75fps, sugerindo um forte potencial, a prioridade da Google não é competir com os chips focados em jogos da Apple ou da Qualcomm. Em vez disso, o Tensor G5 foi otimizado para executar tarefas de IA de forma eficiente e privada. Avaliar este chip apenas pela sua performance em jogos seria ignorar o seu verdadeiro propósito: ser o motor de uma experiência de utilizador mais inteligente.
A câmara: a magia continua no software
A câmara do Pixel sempre foi um dos seus maiores trunfos, e o Google Pixel 10 Pro XL continua essa tradição, mas de uma forma interessante. O hardware físico da câmara tripla traseira é praticamente idêntico ao do ano passado: um sensor principal de 50 MP, uma ultra-larga de 48 MP e uma teleobjetiva periscópica de 48 MP com zoom ótico de 5x. A câmara de selfie também mantém os seus 42 MP.
Sempre gostei do realismo das fotos captadas com os vários modelos da gama Pixel e o Google Pixel 10 Pro XL não desilude.






Então, onde está a melhoria? Está no cérebro por trás das lentes. O Tensor G5 inclui um Processador de Sinal de Imagem (ISP) completamente redesenhado que trabalha em conjunto com a potente TPU. E os resultados são notáveis. A nova funcionalidade Pro Res Zoom, que atinge um zoom de 100x, é um exemplo perfeito disto. Apesar de não ser uma funcionalidade que me apaixone, ao testá-lo, fiquei surpreendido com a forma como a IA consegue gerar detalhes e produzir imagens utilizáveis a distâncias extremas, embora por vezes com algum grão. (As imagens abaixo foram captadas a uma distância de cerca de 100 metros)



Outras funcionalidades de IA também melhoram a experiência fotográfica. O Camera Coach oferece sugestões úteis em tempo real sobre composição e iluminação diretamente no visor, o que pode ajudar fotógrafos menos experientes a capturar melhores imagens. E o Ask Photos no Google Photos é transformador; poder editar uma foto simplesmente dizendo “torna a minha foto mais brilhante” parece algo saído do futuro.
Na gravação de vídeo, o novo ISP melhora a estabilização em condições de pouca luz e permite gravar em 8K a 30fps (com a ajuda do Video Boost na nuvem). A Google quer provar, mais uma vez, que a excelência fotográfica pode ser alcançada através de software inteligente, mesmo com hardware familiar.
A experiência de IA: um vislumbre do futuro
É aqui que o Google Pixel 10 Pro XL se distingue verdadeiramente. O conjunto de funcionalidades de IA, executadas localmente pelo Gemini Nano, não são apenas truques; elas mudam fundamentalmente a forma como se utiliza o telemóvel. A grande vantagem é que a maioria destas experiências acontece no dispositivo, o que significa que são mais rápidas e, crucialmente, mais privadas, uma vez que os meus dados pessoais não estão a ser constantemente enviados para a nuvem.
O Magic Cue é a funcionalidade que a Google destaca como genuinamente mágica. Por exemplo, ao receber uma mensagem de um amigo a perguntar a que horas chego, o Magic Cue sugere automaticamente os detalhes do voo, que tinham recebido no Gmail, para que eu pudesse partilhá-los com um único toque. Esta assistência proativa, que conecta informações entre aplicações, é o tipo de inteligência ambiente que a Google tem vindo a prometer há anos. (não testei essa funcionalidade, mas achei relevante colocar a informação neste artigo)
O Voice Translate, que traduz chamadas em tempo real imitando a voz e entoação do utilizador, é outra funcionalidade muito interessante, embora a sua eficácia possa variar. O Daily Hub oferece um resumo útil do dia, e o Call Assist foi melhorado com a funcionalidade “Take a Message”.
A Google reforça a segurança de tudo isto com o núcleo de segurança Tensor e o chip Titan M2. Ao dar prioridade ao processamento no dispositivo, a Google não está apenas a oferecer funcionalidades convenientes; está a tentar construir a confiança necessária para que abracemos um futuro onde os nossos telemóveis são verdadeiros assistentes pessoais.
Bateria e carregamento: energia para a inteligência
Com tanta inteligência a funcionar, a autonomia da bateria é uma preocupação legítima. Felizmente, o Pixel 10 Pro XL vem equipado com uma bateria de 5,200 mAh, a maior de sempre num Pixel. Na minha experiência, isto traduz-se facilmente num dia inteiro de utilização média/intensa, com a Google a prometer mais de 30 horas de autonomia (não me parece realista). O carregamento com fio também foi melhorado para 45W, o que me permitiu carregar até 70% da bateria em cerca de 34 minutos.
Uma das novidades mais bem-vindas é o suporte para o padrão Qi2, que a Google chama de “Pixelsnap”. Os ímanes incorporados tornam o alinhamento em carregadores sem fios muito mais fácil. O Pro XL é o único modelo da linha que suporta o mais recente padrão Qi2.2, permitindo um carregamento sem fios rápido de 25W.
No entanto, há uma decisão controversa: a funcionalidade “Assistência à Saúde da Bateria”. Este sistema, que não pode ser desativado, começa a reduzir automaticamente a velocidade de carregamento após 200 ciclos para abrandar o desgaste da bateria a longo prazo.
Embora a intenção de prolongar a vida útil da bateria seja louvável, especialmente com a promessa de 7 anos de atualizações, a falta de controlo por parte do utilizador é frustrante. É uma troca imposta pela Google: sacrificar um pouco da capacidade e velocidade de carregamento a curto prazo em troca de uma maior fiabilidade e longevidade do dispositivo.
Preço e disponibilidade
O smartphone Google Pixel 10 Pro XL está disponível em Portugal, com um PVP de 1329 € (versão de 256 GB)
Conclusão: O Veredicto
O Google Pixel 10 Pro XL não é um telemóvel para todos. Se procura o desempenho mais bruto para jogos ou um design radicalmente novo a cada ano, há outras opções no mercado. Mas se, como eu, valoriza uma experiência de software inteligente, uma câmara que consistentemente produz fotos realistas com o mínimo de esforço e uma visão do futuro da computação móvel, então o Pro XL é, sem dúvida, uma opção a considerar.
- Pontos Fortes: A experiência de IA no dispositivo é muito boa, graças a uma assistência proativa que é genuinamente útil. A câmara, potenciada por software, continua a ser uma das líderes de mercado em fotografia computacional. O ecrã é excecionalmente brilhante e a autonomia da bateria é sólida. O design, sóbrio e elegante, faz jus ao mote “em time que ganha não se mexe”.
- Pontos Fracos: O desempenho em jogos não está ao nível dos concorrentes focados em hardware. A funcionalidade obrigatória de gestão da bateria retira o controlo ao utilizador, o que pode ser um ponto negativo para os entusiastas.
No final, o Pixel 10 Pro XL é uma declaração confiante da Google. É a prova de que o futuro de um smartphone pode não estar em ser mais rápido, mas sim em ser mais inteligente, mais útil e mais consciente do nosso contexto. Para quem está disposto a abraçar essa visão, este é o melhor Pixel de sempre.
A nossa análise
Google Pixel 10 Pro XL
O Pixel 10 Pro XL é uma declaração confiante da Google. É a prova de que o futuro de um smartphone pode não estar em ser mais rápido, mas sim em ser mais inteligente, mais útil e mais consciente do nosso contexto
O melhor
- Design premium, sóbrio e elegante
- Ecrã com brilho de 3,300 nits
- Processador Tensor G5 rápido e eficiente
- Câmaras de alta qualidade com excelente desempenho
- Experiência de IA
- Bateria, autonomia e suporte Qi2
- 7 anos de atualizações
O pior
- "Assistência à Saúde da Bateria" não pode ser desativada
- Fica aquém da concorrência em jogos exigentes
Classificações
-
Design e construção
-
Desempenho e funcionalidades
-
Câmara
-
Inteligência artificial
-
Bateria e autonomia
-
Preço/qualidade
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