Todos os anos, o ritual repete-se: a Apple sobe ao palco, apresenta o seu novo processador da série A e o mundo da tecnologia curva-se perante o novo rei do desempenho. Durante anos, foi uma verdade quase absoluta que nada batia a velocidade e a potência dos chips que equipam os iPhones. Mas em 2025, o impensável aconteceu. O novo e potente A19 Pro, que equipa os iPhone 17 Pro, foi destronado.
Pela primeira vez em muito tempo, os testes de desempenho mostram que a concorrência não só apanhou a Apple, como a ultrapassou em áreas cruciais. Os novos processadores da Qualcomm e da Samsung, o Snapdragon 8 Elite 5 e o Exynos 2600, estão a apresentar resultados superiores em testes de performance multi-core, deixando o A19 Pro para trás.
A razão para esta viragem surpreendente parece ser uma mudança de estratégia da própria Apple. Em vez de perseguir recordes de velocidade a todo o custo, a gigante de Cupertino parece ter-se focado noutra área igualmente importante: a eficiência energética. A má notícia para os fãs dos benchmarks é que o iPhone já não é o campeão indiscutível da potência. A boa notícia para todos os outros? A bateria do teu próximo iPhone pode durar mais do que nunca.
Uma aposta na eficiência que custou o trono
O novo Apple A19 Pro, presente nos modelos iPhone 17 Air, 17 Pro e 17 Pro Max, é uma maravilha da engenharia. Fabricado pela TSMC com a mais recente tecnologia de 3 nanómetros (N3P), este processador de seis núcleos (dois de performance e quatro de eficiência) oferece uma melhoria de desempenho de 13% em relação ao seu antecessor. No entanto, o foco da Apple este ano não foi a potência bruta, mas sim a otimização do consumo de energia.
Esta decisão fica clara quando olhamos para os resultados dos testes de benchmark. No Geekbench 6, um dos testes mais conceituados da indústria, o A19 Pro continua a ser o rei no que toca ao desempenho de um único núcleo, com uma pontuação impressionante de 3.895. Isto significa que, para tarefas que dependem de um só “cérebro”, o iPhone continua a ser incrivelmente rápido.
O problema surge quando o teste exige que todos os “cérebros” do processador trabalhem em conjunto. Nos testes multi-core, o A19 Pro atinge uma pontuação de 9.746. Um número que, em qualquer outro ano, seria motivo de celebração. Mas este ano, é um número que o coloca atrás dos seus maiores rivais.

A concorrência não esteve a dormir
Enquanto a Apple se focava na eficiência, a Qualcomm e a Samsung apostaram tudo na potência. O novo Snapdragon 8 Elite 5, que irá equipar modelos como o Galaxy S26 Edge, esmagou o A19 Pro nos testes multi-core, atingindo uma pontuação de 11.515, um valor 18,2% superior ao do chip da Apple. Curiosamente, este resultado foi obtido com o processador a funcionar a uma velocidade inferior à sua capacidade máxima, o que sugere que o seu verdadeiro potencial é ainda maior.
Do lado da Samsung, as notícias são igualmente impressionantes. O Exynos 2600, que deverá ser o primeiro processador de 2 nanómetros a chegar a um smartphone, também superou o A19 Pro, com uma pontuação multi-core 15,5% superior. Este chip utiliza a inovadora tecnologia de transístores Gate-All-Around (GAA), que permite criar processadores mais pequenos, mais potentes e mais eficientes. É uma tecnologia que a Samsung já domina e que a TSMC, fabricante dos chips da Apple, só começará a usar nos seus processadores de 2 nanómetros.
Parte desta diferença de desempenho pode ser explicada pelo número de núcleos: enquanto o A19 Pro tem seis, o Snapdragon 8 Elite 5 tem oito e o Exynos 2600 chega mesmo aos dez. Mais “cérebros” a trabalhar em conjunto resultam, naturalmente, numa maior capacidade de processamento em tarefas complexas.
Será que isto interessa ao utilizador comum?
Agora, a pergunta de um milhão de euros: será que esta “derrota” nos benchmarks vai ter algum impacto no mundo real? A resposta, para a grande maioria das pessoas, é um rotundo “não”. A verdade é que os processadores dos smartphones de topo de gama atingiram um nível de potência tão elevado que as diferenças entre eles são, na prática, impercetíveis no uso do dia a dia.
Abrir o Instagram, navegar na internet, ver vídeos ou jogar os jogos mais populares são tarefas que qualquer um destes processadores executa com uma fluidez irrepreensível. A decisão de comprar um iPhone ou um Samsung raramente se baseia numa tabela de pontuações do Geekbench. Fatores como o sistema operativo, o ecossistema de produtos, a qualidade das câmaras e, claro, a lealdade à marca, têm um peso muito maior.
A própria Apple sabe disto, e a sua aposta na eficiência em detrimento da potência máxima pode revelar-se uma jogada de mestre. Se a troca por um desempenho multi-core ligeiramente inferior se traduzir numa bateria que dura mais algumas horas, é provável que a grande maioria dos utilizadores veja isso como uma vitória. No final do dia, a guerra dos benchmarks pode ter um novo vencedor, mas a batalha pela preferência dos consumidores joga-se noutro campo.
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