O Gboard, o teclado virtual da Google, é provavelmente uma das aplicações que mais usas no teu smartphone Android, mesmo que não dês por isso. É a ferramenta silenciosa que te permite escrever mensagens, e-mails, pesquisar na web e interagir com todo o teu mundo digital. Mas e se te disséssemos que, em breve, poderás remover duas das teclas mais fundamentais de qualquer teclado: a do ponto final (.) e a da vírgula (,)?
Não, não é um bug. Segundo o site 9to5Google, a mais recente atualização do Gboard está a introduzir uma nova opção nas suas definições que permite, de forma deliberada, esconder estas duas teclas de pontuação essenciais do layout principal do teclado. É uma das mudanças mais bizarras e inesperadas que vimos na aplicação nos últimos tempos, e levanta uma questão óbvia: mas porquê?

O que muda (se tu quiseres)?
Antes que entres em pânico a pensar que vais ter de reaprender a escrever, respira fundo. Esta não é uma alteração que virá ativa por defeito. É uma opção de personalização que terás de procurar e ativar manualmente nas Definições do Gboard.
A nova funcionalidade permite-te desativar a tecla do ponto final e a tecla da vírgula de forma independente. Podes optar por remover apenas uma delas, ou ambas. Quando desativadas, as teclas simplesmente desaparecem do layout principal, libertando espaço ou, talvez, simplificando visualmente o teclado.
O ponto final tem um truque, a vírgula nem por isso
A remoção da tecla do ponto final pode, para alguns utilizadores, fazer algum sentido. O Gboard tem um atalho muito útil e conhecido: ao tocar duas vezes na barra de espaços no final de uma frase, a aplicação insere automaticamente um ponto final seguido de um espaço. Para quem já usa este atalho de forma consistente, a tecla dedicada do ponto final pode, de facto, ser redundante.
No entanto, a remoção da tecla da vírgula é muito mais difícil de justificar do ponto de vista da usabilidade. Ao contrário do ponto final, não existe um atalho rápido universalmente conhecido para inserir uma vírgula no Gboard. Se desativares a tecla dedicada, a única forma de escreveres uma vírgula será tocar na tecla “?123” para aceder ao ecrã de símbolos e só depois tocar na vírgula – um passo extra que quebra completamente o fluxo da escrita.

Mas qual é a lógica por trás desta opção?
A Google não deu qualquer explicação oficial para a introdução desta funcionalidade, o que nos deixa no campo da especulação. Quais poderiam ser as razões?
- Minimalismo Visual Extremo: Para alguns utilizadores que procuram a interface mais limpa possível, a remoção destas teclas pode ser esteticamente apelativa, mesmo que sacrifique a funcionalidade.
- Redundância (no caso do ponto final): Como já referido, quem usa o duplo toque na barra de espaços pode não sentir falta da tecla dedicada.
- Evitar Toques Acidentais: Talvez exista um nicho de utilizadores que, pela forma como seguram o smartphone ou pelo tamanho dos seus dedos, pressionam acidentalmente estas teclas com frequência e preferem simplesmente removê-las.
- Foco noutros Métodos de Escrita: Utilizadores que dependem quase exclusivamente da escrita por deslize (glide typing) ou da escrita por voz podem sentir que estas teclas são menos essenciais.
Ainda assim, a ausência de um atalho para a vírgula torna a sua remoção particularmente estranha. Parece ser uma opção que cria mais problemas do que aqueles que resolve para a esmagadora maioria dos utilizadores.
Uma opção é sempre uma opção
No final, esta é mais uma prova da filosofia de personalização do Android e do Gboard. A beleza da plataforma reside, em parte, na sua capacidade de oferecer opções, mesmo que elas pareçam peculiares à primeira vista. A Google não está a forçar ninguém a remover estas teclas; está apenas a dar a liberdade de o fazer a quem, por alguma razão muito específica, o desejar.
A nova opção já começou a ser distribuída nas versões estável e beta mais recentes do Gboard para Android. A grande questão que fica no ar é: será que alguém vai realmente usar esta funcionalidade, ou será ela relegada para o baú das opções esquecidas e bizarras do Gboard? Só o tempo (e talvez a telemetria da Google) o dirá.
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