Quando pensas num monociclo elétrico, a imagem que provavelmente te vem à cabeça é a de um dispositivo ágil e futurista, a deslizar silenciosamente por uma ciclovia. É uma visão de mobilidade urbana moderna e eficiente. Agora, pega nessa imagem, amachuca-a e atira-a pela janela, porque a InMotion acaba de apresentar algo que pertence a uma categoria completamente diferente: o InMotion P6. Este não é um veículo de mobilidade; é um foguetão de bolso com uma só roda, uma máquina de adrenalina pura que desafia as leis da física e, muito provavelmente, as do bom senso.
Com uma velocidade máxima de 150 km/h, o P6 não entra no território dos smartphones ou das trotinetes; entra no território das autoestradas e das motos desportivas. É, sem dúvida, um dos veículos elétricos pessoais mais extremos alguma vez construídos, e levanta uma questão fundamental: até onde pode ir a loucura numa só roda?
Os números que desafiam a física (e o bom senso)
Para entender a demência do InMotion P6, temos de olhar para os seus números. E eles são, em todos os sentidos, absurdos.
Uma velocidade que te pode levar para a cadeia
O número que capta todas as atenções é a velocidade máxima: 150 km/h (93 mph). Para que tenhas um termo de comparação, a velocidade máxima permitida nas autoestradas em Portugal é de 120 km/h. Este dispositivo de uma só roda é, legalmente e fisicamente, mais rápido do que a maioria dos carros que circulam nelas.
Aceleração ou teletransporte?
Se a velocidade máxima é assustadora, a aceleração é incompreensível. A InMotion afirma que o P6 consegue acelerar dos 0 aos 50 km/h em apenas 0.1 segundos. Sim, leste bem: um décimo de segundo. A própria equipa de marketing parece ciente do quão absurdo este número soa, e é preciso olhá-lo com uma boa dose de ceticismo. Tendo em conta que, para acelerar num monociclo, precisas de inclinar todo o teu corpo para a frente, atingir essa velocidade nesse tempo parece mais teletransporte do que aceleração.
No entanto, o que não está em causa é a potência que torna esta aceleração, mesmo que não seja de 0.1s, absolutamente brutal. O P6 é alimentado por um sistema de alta voltagem de 235V que debita um pico de 20 kW de potência, o equivalente a 26.8 cavalos. Ter esta potência entre os teus tornozelos é, no mínimo, uma experiência intensa.

Uma bateria para ir à lua (e voltar)
Potência sem autonomia não serve de nada, e a InMotion não fez concessões nesta área. O P6 vem equipado com uma bateria massiva de 4,200Wh, composta por células Samsung 50S, que promete uma autonomia de até 150 km com uma única carga. E para recarregar esta “central elétrica” portátil, suporta um carregamento rápido de 14A, que a consegue levar de 0 a 100 em cerca de 90 minutos.
Construído como um tanque, com a tecnologia de um ‘smartphone’
Uma máquina com este nível de desempenho exige uma engenharia à altura, e o P6 parece ser um dos monociclos mais “sobredimensionados” alguma vez feitos.
Suspensão para a selva de asfalto (ou a outra)
Para que não te desintegres ao primeiro buraco na estrada, o monociclo vem com uma suspensão hidráulica com 90 mm de curso, com amortecimento ajustável individualmente para altas e baixas velocidades. Isto significa que podes afiná-lo para um passeio suave na cidade ou para atacar um trilho de montanha acidentado.
Tecnologia de ponta em cada parafuso
A qualidade de construção é de topo, com um controlador SiC de “classe Tesla”, um sistema de arrefecimento ativo com tubos de calor em cobre e uma arquitetura de proteção da bateria com tripla camada de redundância. Até inclui um sistema de monitorização da pressão dos pneus em tempo real, um luxo que muitas motos não têm.
A isto junta-se um conjunto de funcionalidades inteligentes. O sistema “RideConnect IoT” oferece GPS com localização em tempo real, ferramentas antirroubo, controlo remoto e registo de viagens. Podes até personalizar o firmware para ajustar a curva de aceleração, a travagem e a sensação em curva ao teu estilo de condução.
Para quem é esta loucura de 5.000€?
O InMotion P6 tem um preço de 4,999$, um valor que, honestamente, é difícil de avaliar, pois não há nada no mercado com que o comparar. A pergunta mais importante, no entanto, é: para quem é isto?
Claramente, não é para o teu trajeto diário para o escritório, nem para ir buscar pão. Este é um veículo para um nicho muito específico: os entusiastas de monociclos mais hardcore e os viciados em adrenalina que procuram o próximo nível de performance. É uma máquina que exige um nível de perícia, coragem e, sejamos honestos, uma pitada de loucura, muito acima da média.
Se fazes parte desse grupo, a InMotion está a oferecer mais de 1.000 dólares em extras para os primeiros compradores. Se não fazes, o melhor é admirares à distância e, como recomenda o jornalista do artigo original, se alguma vez te cruzares com um, lembrares-te de usar um bom capacete integral. A 150 km/h, ele provavelmente não te salvará, mas, como ele diz com um humor negro, “dá à tua família a chance de ter um funeral de caixão aberto”.
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