Elon Musk subiu ao palco na assembleia anual de acionistas da Tesla e, como é seu apanágio, transformou o evento numa autêntica montra de ambição futurista. Entre a aprovação do seu colossal pacote salarial e a revelação de planos para um futuro povoado por robôs humanoides, o CEO da Tesla fez duas afirmações que chocam diretamente com a lei e com o bom senso: o seu sistema de condução autónoma (FSD) estará prestes a permitir que os condutores “teclem enquanto conduzem”.
A promessa de Musk é a de que a Tesla está “quase confortável” em permitir que os proprietários de veículos com FSD (Full Self-Driving) usem os seus smartphones ao volante, e que o FSD totalmente autónomo e sem supervisão estará disponível num prazo de “um mês ou dois”.
O salto de fé da Tesla: Nível 2 para Nível 4 em 60 dias?
A declaração de Musk sobre a condução autónoma é a mais controversa. Atualmente, o FSD da Tesla é classificado como um sistema de Nível 2, o que exige legalmente que o condutor mantenha as mãos no volante e os olhos na estrada a todo o momento. O sistema tem monitorizado ativamente os condutores para garantir o seu envolvimento.
Musk está a prometer um salto radical para, pelo menos, o Nível 4 de autonomia, onde o carro assume todas as tarefas de condução e o motorista pode estar “desocupado”. Este salto tecnológico, que levaria o carro a ser totalmente responsável, num prazo de “um ou dois meses” é visto como extremamente ambicioso (e irrealista) pela maioria dos especialistas da indústria.
Musk não detalhou as medidas que a Tesla tomará para garantir a segurança dos condutores a teclar ao volante, nem se discutiu a legalidade disto com as entidades reguladoras, que atualmente proíbem categoricamente o uso de smartphones enquanto se conduz.

O Cybercab: nascido para a autonomia e feito como um smartphone
Olhando para o futuro, Musk deu novos pormenores sobre a sua visão para os táxis autónomos dedicados, os Cybercabs (ou Robotaxis). A produção destes veículos deverá começar em abril do próximo ano.
O Cybercab será construído de raiz com a autonomia total em mente e terá um design radical: não terá pedais, volante nem espelhos laterais. Musk comparou o processo de fabrico do Cybercab ao da produção de smartphones (e não ao da produção automóvel tradicional), que ele acredita ser mais eficiente. A sua ambição é produzir uma unidade a cada 10 segundos.
O robot Optimus: o maior produto de todos os tempos
Para além dos carros, Musk dedicou grande parte do seu tempo ao robot humanoide da Tesla, o Optimus. O CEO afirmou que o Optimus está destinado a ser o “maior produto de todos os tempos“, maior do que os smartphones ou qualquer outro produto.
As suas projeções de produção são, previsivelmente, astronómicas:
- Produção Inicial: Linha de 1 milhão de unidades.
- Meta a Longo Prazo: Produção de 100 milhões a mil milhões de robots Optimus por ano.
Musk delineou uma visão de um futuro onde os Optimus fornecerão cuidados médicos e, curiosamente, onde os criminosos, em vez de serem presos, serão seguidos por um Optimus que os impedirá de cometer crimes.
O pacote salarial de Musk e as metas a bater
Antes de Musk subir ao palco, os acionistas votaram a favor do seu pacote salarial, que pode valer até 1 bilião de dólares ao longo dos próximos 10 anos. Para receber esta remuneração, a Tesla terá de atingir metas ambiciosas, incluindo alcançar um valor de mercado de 8.5 biliões de dólares (o seu valor atual é de 1.4 biliões) e vender um milhão de robots Optimus.
Com um pacote salarial deste calibre, as promessas de Musk são mais do que simples ambições; são metas de negócio com um peso financeiro gigantesco, embora, como sempre, devam ser vistas com uma grande dose de ceticismo, dado o seu historial de otimismo excessivo com os prazos.
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