A Comissão Europeia surpreendeu ao abandonar os planos para implementar um imposto digital, uma medida que tinha como alvo empresas tecnológicas de grande dimensão, como a Apple.
Esta decisão, revelada através de um documento interno da Comissão, representa uma alteração significativa na abordagem fiscal da União Europeia relativamente às plataformas digitais que operam no espaço europeu sem presença física nos Estados-membros.
Proposta de imposto digital deixa de constar no orçamento europeu
O esboço do orçamento para o próximo ciclo de sete anos da União Europeia, com início em 2028, já não inclui a proposta de um imposto sobre serviços digitais.
Até há poucos meses, esta medida era vista como uma forma de garantir que as grandes empresas digitais contribuíssem de forma justa para a economia europeia, sobretudo aquelas que geram receitas substanciais a partir de utilizadores europeus, mas cuja sede se encontra fora do bloco comunitário.
A Apple era uma das principais visadas por esta proposta, tendo enfrentado uma crescente pressão regulatória na Europa. O imposto, agora deixado de lado, teria imposto uma tributação adicional sobre os lucros obtidos por empresas digitais sem presença física efetiva em território europeu.

Novas fontes de receita para o orçamento da UE
Em alternativa ao imposto digital, a Comissão Europeia propõe agora três novas fontes de receita para o orçamento europeu: um imposto especial sobre produtos de tabaco, uma taxa sobre equipamentos elétricos e eletrónicos descartados e, ainda, um imposto sobre grandes empresas com faturação anual superior a 50 milhões de euros na União Europeia – um critério que inclui a Apple e outros gigantes do setor tecnológico.
Estas propostas, contudo, ainda terão de ser aprovadas por unanimidade pelos 27 Estados-membros da União Europeia, o que poderá gerar intensas negociações nos próximos meses.
Relações transatlânticas em destaque
A decisão de recuar na criação do imposto digital está fortemente ligada às negociações em curso para um novo acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos.
Segundo fontes próximas do processo, a retirada do imposto é vista como um gesto estratégico para evitar tensões com Washington e facilitar condições mais favoráveis num eventual acordo transatlântico.
Enquanto o imposto digital é afastado, a Comissão Europeia mantém a aposta na aplicação rigorosa das regras do Mercado Único Digital e na fiscalização das grandes tecnológicas através de outras vias regulatórias, como a Lei dos Mercados Digitais (DMA).
Próximos passos e impacto para as tecnológicas
O documento final com as propostas para o orçamento da União Europeia entre 2028 e 2035 será apresentado já esta semana. Apesar da suspensão do imposto digital, o ambiente regulatório para empresas como a Apple continuará a ser moldado tanto pelas negociações comerciais com os Estados Unidos como pela evolução das regras europeias aplicáveis ao setor digital.
Para já, esta decisão representa um alívio para as grandes tecnológicas, mas o debate sobre a justiça fiscal das plataformas digitais na Europa está longe de terminar.
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