A Meta e os seus principais executivos, incluindo Mark Zuckerberg, alcançaram um acordo de 8 mil milhões de dólares para encerrar um processo movido por acionistas.
O processo judicial, segundo uma notícia avançada pela Reuters, estava ligado ao escândalo da Cambridge Analytica, que abalou a confiança do público na gestão de dados do Facebook.

O acordo foi finalizado de forma surpreendentemente rápida, logo no segundo dia de um julgamento que prometia colocar Zuckerberg e outros altos cargos sob um intenso escrutínio público.
Embora os termos financeiros exatos permaneçam confidenciais, esta resolução representa um dos maiores pagamentos da história da empresa relacionados com falhas de privacidade, pondo fim a um longo e danoso capítulo judicial.
O que motivou o processo judicial contra Mark Zuckerberg?
No centro do processo estava a acusação de que Mark Zuckerberg e a sua equipa de liderança, incluindo a antiga diretora de operações Sheryl Sandberg, ignoraram deliberadamente as suas responsabilidades. Os acionistas argumentaram que os executivos falharam na supervisão do cumprimento de um decreto de consentimento da Comissão Federal de Comércio (FTC) de 2012, que obrigava a empresa a proteger os dados dos seus utilizadores de forma rigorosa.
A alegação era grave: a liderança teria operado o Facebook conscientemente como uma “operação ilegal de recolha de dados”. A ação surgiu como uma consequência direta das revelações de 2018 sobre a Cambridge Analytica, que expuseram como os dados de milhões de utilizadores foram indevidamente explorados para fins políticos sem o seu consentimento.
Um acordo para evitar o escrutínio público
A decisão de chegar a um acordo tão avultado parece ter sido estratégica. Ao fazê-lo, Mark Zuckerberg e os outros 10 arguidos evitaram testemunhar em tribunal sob juramento, um cenário que poderia gerar novas revelações prejudiciais para a reputação da Meta e dos seus líderes. Os acionistas procuravam que os executivos usassem os seus patrimónios pessoais para compensar a empresa pelas perdas financeiras, incluindo a histórica multa de 5 mil milhões de dólares aplicada pela FTC em 2019.
Este acordo, embora traga um alívio para a empresa, é visto por críticos como uma oportunidade perdida para uma verdadeira responsabilização pública. Permite que a Meta enquadre o escândalo como um problema de “maus atores” externos, em vez de confrontar as questões fundamentais sobre o seu modelo de negócio, que se baseia na recolha e monetização de dados pessoais.
O legado do escândalo Cambridge Analytica
O caso Cambridge Analytica tornou-se um marco na história da privacidade digital. A consultora política britânica usou uma aplicação de questionário para recolher dados não só dos participantes, mas de toda a sua rede de amigos no Facebook, afetando até 87 milhões de pessoas. Esses dados foram usados para criar perfis psicológicos detalhados, que serviram para influenciar a campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e o referendo do Brexit.
Desde então, a Meta afirma ter investido milhares de milhões para reforçar a segurança e a privacidade. No entanto, a empresa continua a enfrentar um forte escrutínio regulatório globalmente. O acordo encerra uma batalha legal específica, mas a discussão mais ampla sobre a ética da recolha de dados e a responsabilidade das gigantes tecnológicas está longe de terminar.
Fonte: Reuters
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